A culpa é do mar
Um senhor presidente de câmara cujo nome me apraz ignorar, resolveu fechar uma praia com 9 km. de extensão e um cais, como quem fecha um café ou um bar. Uma praia praticamente vazia em abril e um cais aonde nesta época do ano quase ninguém vai. E se fossem seriam menos do que em algumas mercearias ou nos supermercados. ou muito menos do que as senhoras e os senhores que quase se atropelam a correr na Estrada monumental. Ou aí ficam, indolentemente, a bilhardar. Mas Estão interditos a praia e o cais do Porto Santo como se fossem espaços fechados, áreas de aglomeração, focos de disseminação de qualquer vírus. Há coisas que não lembram nem ao diabo. Mas lembram àqueles a quem aproveita a incerteza, a inquietação e o sofrimento alheio para serem protagonistas, para intervirem ainda que de forma mentecapta, inchados de poder, de arrogância e de prepotência. Enquanto os outros padecem, enquanto a angústia se instala cada vez mais no coração e na mente de muitos, sobretudo os mais sensíveis, há sempre quem pense em alimentar o seu ego e os seus instintos repressivos. Se ainda fossem dois ou três os senhores desta estirpe... Mas não, infelizmente são bastantes mais, com máscara ou não. Isto para não falar dos delatores, vulgo bufos, que à boa maneira fascista, pidesca, telefonam à polícia a denunciar alguém que viram na rua a cinquenta metros de casa. E para não falar daqueles que aproveitam todas as desgraças para promoverem a sua imagem e a sua mediocridade. Que solidários que eles são... Enfim, muito mais haveria a dizer mas só vale a pena desejar saúde a quem dela mais necessita e pouca ou nenhuma ajuda tem, a não ser ficar em casa e lavar as mãos.