UE, Eurogrupo e BCE pedem respostas “engenhosas e construtivas” à crise
Os presidentes do Conselho Europeu, Eurogrupo, Comissão Europeia e Banco Central Europeu pediram hoje aos ministros das Finanças da zona euro para serem “engenhosos e construtivos” nas respostas à crise da covid-19, recordando os “instrumentos e instituições existentes”.
Um dia antes da reunião decisiva do Eurogrupo, na qual os ministros das Finanças da zona euro vão tentar aproximar posições e chegar a uma resposta comum à crise gerada pela covid-19, os quatro responsáveis apelam em comunicado para que “se examinem todos os instrumentos possíveis de forma engenhosa e construtiva”.
Numa nota de imprensa divulgada após uma videoconferência realizada esta tarde, os presidentes do Conselho Europeu, Charles Michel, do Eurogrupo, Mário Centeno, da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, destacam que “há muito espaço para a solidariedade entre os instrumentos e instituições existentes”.
“Temos de explorar totalmente essas ferramentas e permanecer abertos a fazer mais”, salientam, observando que “está a ser desenhado um forte pacote” de medidas, para “proteger os cidadãos e as empresas europeias do impacto económico gerado pela pandemia”.
Atualmente, a discussão pauta-se por optar por recursos já existentes, como linhas de crédito através do fundo de resgate permanente da zona euro, e novos, como a emissão conjunta de títulos de dívida (’eurobonds’ ou ‘coronabonds’), soluções que geram divisão entre os países europeus.
Argumentando que, “no ‘dia seguinte’ [à pandemia], a recuperação económica em todos os Estados-membros deve ser o mais rápida e forte possível”, os quatro responsáveis mostram-se ainda convictos de que “a resposta da União Europeia ajudará a estabelecer as bases” para essa fase.
Na terça-feira, os ministros das Finanças da zona euro, reunidos também por teleconferência, vão tentar chegar a um acordo político sobre a melhor resposta a dar aos efeitos da pandemia de covid-19 nas economias europeias, precisando para tal de ultrapassar as fortes divergências verificadas até agora.
Os países do sul, entre os quais Portugal, Espanha e Itália, têm defendido como melhor solução a emissão de dívida conjunta, que continua a ser rejeitada por países como Alemanha, Holanda, Áustria e Finlândia, que defendem antes soluções que passem por linhas de crédito, ou seja, empréstimos, em condições favoráveis.
O presidente do fórum de ministros das Finanças da zona euro e ministro das Finanças português, Mário Centeno, já defendeu publicamente o adiamento do debate sobre os ‘coronabonds’ para depois da crise, advogando que o foco agora deve estar em medidas capazes de gerar consenso no imediato.
Numa entrevista publicada no fim de semana em diversos órgãos de comunicação social europeus, Mário Centeno sustentou que os Estados-membros devem concentrar-se agora nas medidas em que há mais consenso e sobre as quais é possível chegar a um acordo na terça-feira, fazendo a defesa das “três medidas de proteção, para os orçamentos, para as empresas e para os trabalhadores” já discutidas pelos ministros, e que formam um pacote avaliado em cerca de 500 mil milhões de euros.
Centeno referia-se ao plano de linhas de crédito do Mecanismo Europeu de Estabilidade, aos créditos do Banco Europeu de Investimento para empresas e aos apoios para programas de suspensão de contratos de trabalho (’lay-off’) apoiados pelo Estado, propostos pela Comissão.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 73 mil.
O continente europeu, com cerca de 696 mil infetados e mais de 53 mil mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, contabilizando 16.523 óbitos em 132.547 casos confirmados até hoje.