Espanha começará “agora” estudo para descobrir imunidade contra o vírus
O governo espanhol anunciou hoje que vai iniciar agora um estudo para apurar a percentagem de população que já adquiriu imunidade ao novo coronavírus, responsável pela covid-19.
O Instituto de Saúde Carlos III e o Instituto Nacional de Estatística serão responsáveis pelo estudo que medirá o grau de imunidade da população espanhola, afirmou a diretora adjunta do Centro de Coordenação de Alertas e Emergências Sanitárias do Ministério da Saúde, Maria José Sierra, após a reunião do comité técnico de controlo do novo coronavírus.
“Serão iniciados estudos da população com testes de anticorpos para verificar a sua imunidade”, disse.
Determinar que população teve contacto com a doença e isolar os infetados recentemente (leves e graves) assim que os primeiros sintomas são detetados são medidas consideradas “absolutamente fundamentais” para avançar para a fase de transição que antecederá à retirada do estado de emergência.
Nesse sentido, terão de ser feitos diagnósticos precoces e Maria José Sierra confirmou que uma das opções para garantir o isolamento das pessoas que sofrem da doença é permitir que existam instalações onde pessoas assintomáticas possam ser isoladas.
Nesta fase, adiantou, outro dos “aspetos fundamentais” será o uso de máscaras “cirúrgicas ou similares”, para que as pessoas infetadas não transmitam o vírus a pessoas saudáveis.
“Está a ser estudada com muita seriedade” a implementação dessas medidas, referiu, especificando que, assim que a decisão for adotada, será comunicada.
A especialista enfatizou que o novo coronavírus ainda é muito pouco conhecido, mas destacou que os estudos realizados sustentam que, quando uma pessoa passa pela doença, ela desenvolve um nível “bastante alto” de anticorpos que permitirão a sua imunização, “pelo menos por um período significativo de tempo”.
“Esperamos que, em poucas semanas, possamos ter dados reais sobre quantas pessoas passaram pela doença e esperamos que sejam muitas”, disse Sierra.
Portugal também anunciou no sábado que vai fazer estudos para saber qual a proporção da população que adquiriu imunidade ao novo coronavírus (SARS-CoV-2,), estando a metodologia e a data a ser equacionada pela comunidade científica internacional.
“Sim, Portugal vai fazer estudos serológicos para saber qual a proporção da sua população que adquiriu imunidade a este vírus”, disse a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, em conferência de imprensa.
A diretora-geral da Saúde avançou que o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, juntamente com outros países, vai avançar para testes de imunidade, estando a ser estudado “como é que esses testes podem ser feitos e quando é a altura ideal”.
“A imunidade é uma coisa que leva tempo a instalar-se, ou seja, entre a data de infeção e a data em que o nosso corpo começa a produzir anticorpos visíveis há um tempo que temos de esperar. Parece que foi há muito tempo, mas a doença em Portugal começou há cerca de um mês”, disse, sublinhando que a maior parte dos doentes portugueses ainda está em fase de recuperação.
Graça Freitas explicou que o Instituto Ricardo Jorge, em colaboração com os cientistas, académicos e DGS, vai entrar numa fase piloto com outros países, para se perceber o que se está a passar.
“Vamos ter de perceber qual é a altura ideal para fazer o teste, porque, se for demasiado precoce, pode ainda não haver anticorpos e, portanto, temos de encontrar aqui a data ideal”, afirmou, frisando que a metodologia e a data em que os estudos vão ser realizados “estão agora a ser equacionados pela comunidade científica internacional” e que provavelmente vão ter de ser repetidos, “para se ver a duração da imunidade”.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,2 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 65 mil.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 295 mortes, mais 29 do que na véspera (+11%), e 11.278 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 754 em relação a sexta-feira (+7,2%).
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.
Além disso, o Governo declarou no dia 17 de março o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.