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Alemanha admite que número de mortes seja superior ao notificado

Foto EPA/Andreas Gora
Foto EPA/Andreas Gora

O diretor do Instituto Robert Koch, entidade responsável pela prevenção e controlo de doenças na Alemanha, admitiu hoje que o verdadeiro número de mortes associadas à covid-19 no país seja mais elevado que o que tem sido notificado.

Lothar Wieler disse à imprensa que a mortalidade em dois dos 16 estados federados - Berlim e Hesse -- é mais alta que a média habitual nesta altura do ano.

Noutros países, esta chamada mortalidade em excesso tem sido superior à mortalidade por covid-19, o que sugere que algumas mortes provocadas pela pandemia não estão a ser reportadas como tal, embora não seja claro se elas resultam da infeção pelo novo coronavírus ou outras razões, como a sobrecarga dos sistemas de saúde.

Lothar Wieler disse que o Instituto “está a trabalhar partindo do princípio de que morreram mais pessoas [de covid-19] do que o que tem sido oficialmente notificado”.

O responsável acrescentou que uma ampla série de complicações agora associadas à doença podem explicar algumas mortes.

Na mesma conferência de imprensa, e numa altura em que a Alemanha começou a levantar algumas das restrições impostas para conter a propagação do vírus, Lothar Wieler advertiu contra qualquer aposta na “imunidade de grupo”, que considerou uma “ideia ingénua”.

Wieler frisou que a doença pode provocar quadros clínicos graves e sequelas, pelo que ninguém se deve expor ao vírus, sob pena de poder haver centenas de milhares de mortos.

A imunidade coletiva, que se atinge quando 60% a 70% da população teve contacto com o vírus, não pode ser um objetivo, sublinhou, porque, como já se viu noutros países, “não funciona”.

Por outro lado, disse, a comunidade científica ainda não sabe quão consistente é a imunidade desenvolvida pelas pessoas que superaram a infeção.

O que, sim, é claro, prosseguiu, é que a partir do momento em que haja uma vacina “efetiva e segura”, morrerão menos pessoas que tenham sido contagiadas.

“A ideia de erradicar este vírus sem uma vacina não vai funcionar”, insistiu.

Com cerca de 83 milhões de habitantes, a Alemanha, o quinto país europeu mais afetado pela pandemia, regista 159.119 casos de infeção e 6.288 mortes, segundo números oficiais de hoje.

Wieler considerou “um bom desenvolvimento” a descida do número de novos casos diários para entre 1.000 e 1.500, contra mais de 2.000 na semana passada, mas advertiu que o risco de contágio se mantém.

O índice de contágio, o número de pessoas contagiadas por cada pessoa infetada, voltou a cair para menos de um, sendo agora de 0,76, disse.

O responsável considerou contudo que a taxa de mortalidade, de 4% do total de infetados, continua a ser alta, sobretudo devido a surtos em lares de idosos, centros de assistência e hospitais.

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