Cabo Verde pergunta há três dias a Portugal por casos anunciados pela DGS
O diretor nacional de Saúde cabo-verdiano pediu ontem a Portugal, pelo terceiro dia consecutivo sem sucesso, informações sobre os quatro casos do novo coronavírus confirmados pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e que dias antes terão passado pelo arquipélago.
“A resposta que eu daria é a mesma que eu dei ontem, não temos informações detalhadas, mandamos perguntar. Eu não vou insistir mais nessa questão”, lamentou hoje Artur Correia.
O diretor nacional de Saúde respondeu desta forma ao ser confrontado novamente pelos jornalistas com o caso, face ao boletim de há três dias da DGS portuguesa, que identificava em Portugal quatro casos confirmados do novo coronavírus provenientes de Cabo Verde.
No balanço diário sobre a covid-19 no arquipélago -- com seis casos confirmados e um óbito -, realizado ao final da tarde de ontem na cidade da Praia, Artur Correia voltou a sublinhar a importância de ter essa informação para permitir “medidas de investigação epidemiológica” e verificar eventuais contactos feitos por essas pessoas durante a estadia em Cabo Verde.
Sem essa informação, Cabo Verde diz que não pode investigar eventuais cadeia de transmissão local desses quatro casos identificados à chegada a Portugal.
“Nós gostávamos de saber a data de saída de Cabo Verde e de entrada em Portugal, de que ilha é que era, em que hotel é que esteve, se eram nacionais ou estrangeiros, se eram portugueses. Não temos essas informações, isso escapa ao nosso controlo, já insistimos e ainda continuo esperançoso que vamos ter essas informações”, disse Artur Correia, embora compreendendo a falta de resposta pela situação da pandemia em Portugal.
Confrontada hoje em Lisboa, com os consecutivos alertas de Cabo Verde à falta de respostas de Portugal aos pedidos, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, não quis comentar diretamente o assunto, destacando antes as “excelentes relações” entre os serviços de saúde dos dois países.
“Não vou comentá-la [o reiterado pedido de Cabo Verde] em concreto porque não sei se corresponde. O que sei é que nós pertencemos a uma rede mundial de vigilância de doenças e todos os Estados-membros são obrigados a reportar, nessa rede, todos os casos que são de outros países. E portanto, consultando essa rede de contacto entre países, nós sabemos por onde andam os nossos portugueses e os outros saberão por onde andam os dos seus países”, afirmou Graça Freitas.
O número de mortes em África subiu para mais de 240 num universo de mais de 6.400 casos confirmados em 50 países, de acordo com as estatísticas sobre a doença naquele continente.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 50 mil.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.