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Presidente brasileiro critica ministro da Saúde por apoiar isolamento social

Foto EPA/JOEDSON ALVES
Foto EPA/JOEDSON ALVES

O Presidente brasileiro criticou na quinta-feira a postura do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, por este o contrariar ao apoiar o isolamento social para enfrentar o novo coronavírus, e acusou-o de “falta de humildade”.

“Já se sabe que nós nos estamos a ‘bicar’ há algum tempo. (...) O Mandetta quer muito fazer valer a verdade dele. Pode ser que ele esteja certo, mas está-lhe a faltar humildade”, disse Jair Bolsonaro em entrevista à rádio Jovem Pan, após ser questionado sobre o facto de o ministro da Saúde ter apoiado publicamente o isolamento social, contra o que defende o Presidente.

Após ser questionado se equacionava demitir Mandetta, Bolsonaro indicou que este não era o momento, devido ao problema que a área da Saúde enfrenta em relação ao coronavírus, mas frisou que qualquer um dos seus ministros pode ser afastado.

“Eu não pretendo demiti-lo no meio da ‘guerra’. Em algum momento, ele extrapolou. Respeitei todos os ministros, e a ele também. Espero que ele dê conta do recado. Tenho falado com ele. Ele está numa situação meio... Se ele se sair bem, não há problema. Mas nenhum ministro meu é indemissível. (...) Ele teria que ouvir um pouco mais o Presidente da República”, reforçou o chefe de Estado.

O desalinhamento entre Mandetta e Bolsonaro tem-se intensificado nos últimos dias, com o ministro da Saúde a reforçar, diariamente, a importância do isolamento social para travar a disseminação do vírus, enquanto que o Presidente defende o contrário, chegando a sair para as ruas, para socializar com apoiantes.

Procurado pela imprensa local, Mandetta recusou-se a comentar as declarações contra si.

“Não comento o que o Presidente da República fala. Ele tem mandato popular, e quem tem mandato popular fala, e quem não tem, como eu, trabalha”, declarou o ministro ao jornal Folha de São Paulo.

Na entrevista concedida à rádio Jovem Pan na noite de quinta-feira, Bolsonaro apelou ainda a que os brasileiros façam jejum para ajudar o país a livrar-se do coronavírus, uma sugestão feita por pastores evangélicos.

“Sou católico e a minha esposa é evangélica. É um pedido dessas pessoas [evangélicos]. Peço a todos os brasileiros que façam um dia de jejum pelo bem do Brasil, para que saiamos bem desta crise”, declarou Bolsonaro.

O Governo brasileiro informou na quinta-feira que o Brasil tem 299 mortos e 7.910 infetados pelo novo coronavírus, naquele que foi o terceiro dia consecutivo em que o país sul-americano ultrapassa os mil casos confirmados da covid-19.

Nas últimas 24 horas o Brasil somou 58 mortos, o maior número registado desde a chegada da pandemia ao país.

O Ministério da Saúde anunciou também um novo dado sobre a circulação do novo coronavírus em território brasileiro. Apesar de o primeiro caso ter sido divulgado em 26 de fevereiro, o Executivo informou que houve uma hospitalização devido à covid-19 no final de janeiro.

Segundo o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, o caso remonta a 23 de janeiro e foi importado, ou seja, contraído no estrangeiro.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 52 mil.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

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