Menos emissões não isentam luta contra alterações climáticas
A Organização Meteorológica Mundial (OMM), da ONU, insistiu hoje que a redução da atividade industrial em muitos países do planeta devido à pandemia da covid-19 não isenta a comunidade internacional para continuar a luta contra as mudanças climáticas.
A paralisação industrial “não substitui uma ação climática coordenada”, enfatizou Clare Nullis, porta-voz da OMM, numa conferência de imprensa hoje, em Genebra.
Clare Nullis lembrou que o secretário-geral da organização, Petteri Taalas, antecipou que, “após a redução nas emissões de gases de efeito estufa prevista nestes meses de quarentena massiva, é provável que haja um rápido aumento nos números de poluição, como já aconteceu em crises anteriores”.
A porta-voz apontou, a esse propósito, que o dióxido de carbono, o principal gás causador do efeito de estufa, está presente na atmosfera e nos oceanos há séculos, razão pela qual o planeta permanece condenado às mudanças climáticas, apesar de uma queda temporária nas emissões, como está a acontecer atualmente.
Nesse sentido, Nullis apontou que em muitos centros de observação da concentração de emissões na atmosfera, como os do Havai (EUA), Tasmânia (Austrália) ou Tenerife (Espanha), são detetadas concentrações de dióxido de carbono ainda maiores do que na mesma altura do ano passado.
A porta-voz da OMM proferiu estas declarações dois dias depois de o gabinete para a Convenção-Quadro sobre Mudanças do Clima ter anunciado que a cimeira anual do clima, a ser realizada em novembro em Glasgow, Reino Unido, será adiada para 2021 devido à pandemia do novo coronavírus.
Apesar disso e do cancelamento de outros eventos, como a reunião executiva da OMM, em junho próximo, aquele órgão “permanece dedicado à ação climática” e continuará a dar prioridade à recolha de dados para combater o aquecimento global, afirmou Nullis.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 54 mil.
Dos casos de infeção, cerca de 200.000 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com cerca de 560 mil infetados e perto de 39 mil mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 13.915 óbitos em 115.242 casos confirmados até quinta-feira.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 246 mortes, mais 37 do que na véspera (+17,7%), e 9.886 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 852 em relação a quinta-feira (+9,4%).
Dos infetados, 1.058 estão internados, 245 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 68 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, mantém-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.
Além disso, o Governo declarou no dia 17 de março o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.