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Argentina defende que crise deve ser resolvida “sem pressões externas”

EPA/RAYNER PENA R
EPA/RAYNER PENA R

O Governo da Argentina considerou hoje que a situação de crise na Venezuela deve ser abordada “sem pressões” externas e pediu aos países da região uma atitude de “solidariedade”.

“A situação na Venezuela deve ser resolvida pelos próprios venezuelanos sem pressões nem condicionamentos externos”, indicou em comunicado o Ministério das Relações Exteriores.

A posição do Governo do Presidente peronista Alberto Fernández foi divulgada na sequência da assumida pelo designado Grupo de Lima, que a Argentina não subscreveu, em que se manifesta apoio à proposta para a formação de um “governo de emergência nacional” na Venezuela.

A diplomacia de Buenos Aires considera que “a comunidade internacional tem o dever de colaborar na facilitação do diálogo entre as partes” na Venezuela.

O comunicado exorta ainda os países envolvidos “na busca de uma saída política que garanta a necessária renovação institucional no mais breve prazo e a plena vigência da democracia e dos direitos humanos, a recuperação da economia venezuelana e o bem-estar do seu povo”.

“Em plena crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, temos de atuar com compromisso e solidariedade com a Venezuela e com todos os países afetados, através de um diálogo global que inclua todos”, afirmou o Governo argentino.

Segundo um comunicado, “essa é a forma de também poder acabar com a exclusão social, a depredação ambiental e a avidez da especulação”.

Na noite de quinta-feira o Grupo de Lima emitiu um comunicado em que manifesta apoio à proposta do líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, sobre a formação de um “governo de emergência nacional” que inclua “todos os setores políticos e sociais” na Venezuela.

O comunicado também manifesta “apreço” pela “importante proposta” da administração dos Estados Unidos para “a formação de um governo de transição”.

A declaração foi assinada pelos governos da Bolívia, Brasil, Canadá, Chile. Colômbia, Costa rica, Guatemala, Honduras, Panamá, Paraguai e Peru.

Os Estados Unidos apresentaram, na terça-feira, um Plano de Transição Democrática para a Venezuela estabelecendo que o Presidente eleito, Nicolás Maduro, e o autoproclamado Presidente interino, Juan Guaidó, se afastem para permitir que um Conselho de Estado Plural prepare a realização de eleições presidenciais nos próximos meses, tendo como contrapartida o fim das sanções económicas internacionais contra o regime de Caracas.

Previamente, em 26 de março, o Governo dos Estados Unidos emitiu acusações com Maduro e outras 14 figuras do “chavismo”, e ainda contra dois ex-membro da guerrilha colombiana das FARC -- envolvidos nas negociações que conduziram a um acordo de paz com Bogotá -- por “narcotráfico, lavagem de dinheiro e terrorismo”.

A Venezuela, país que conta com cerca de 32 milhões de habitantes, enfrenta um clima de grande instabilidade política, situação que se soma a uma grave crise económica e social.

A crise venezuelana agravou-se desde janeiro de 2019, quando o opositor e presidente da Assembleia Nacional (parlamento), Juan Guaidó se autoproclamou Presidente interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Cerca de 60 países, incluindo a maioria dos países da UE, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como presidente interino da Venezuela encarregado de organizar eleições livres e transparentes naquele país.

A crise já levou ao êxodo de quase cinco milhões de venezuelanos, segundo dados da ONU.

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