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Litoral norte e centro assumem maior incidência nos casos confirmados de covid-19

Foto Lusa
Foto Lusa

As regiões do litoral norte e centro são as mais afetadas pela pandemia de covid-19 em Portugal e responsáveis pela difusão da infeção para concelhos do interior, revela um estudo hoje divulgado pelo Centro de Estudos Geográficos (CEG).

De acordo com os investigadores Nuno Marques da Costa e Eduarda Marques da Costa, que partiram do levantamento dos números da Direção-Geral da Saúde (DGS) nos dias 25 de março a 01 de abril (8.251 casos), “a análise da distribuição do número de casos por concelho mostra a velocidade da expansão do fenómeno e a sua penetração para o interior a partir das principais cidades e eixos urbanos do litoral”.

O estudo apresenta apenas valores para os concelhos com pelo menos três casos, admitindo um desfasamento face à evolução do novo coronavírus na população e a não representação do total de casos em cada dia. Contudo, o CEG considerou estes dados “um bom referencial” sobre a disseminação da covid-19 e realçou a “hierarquia da rede urbana, difundindo-se a infeção a partir destes centros urbanos principais” para os concelhos mais próximos.

Na comparação entre os concelhos com maior número de casos por 10.000 habitantes entre os dias 25 de março e 01 de abril sobressaíram duas constantes: a liderança do concelho de Ovar (sob uma cerca sanitária desde 17 de março), que passou de um índice de 10,16 para 35,85, e o peso do litoral norte e centro, já que no dia 25 de março o concelho de Lisboa era o único abaixo do Mondego entre os 12 primeiros e em 01 de abril a lista era totalmente dominada por localidades do litoral norte e centro.

Todavia, o estudo reconheceu que a área metropolitana de Lisboa e o Algarve “apresentam igualmente alguns concelhos com capitações elevadas” e que em certas faixas do interior, nomeadamente as regiões de Trás-os-Montes, Guarda ou alto Alentejo, “é possível identificar o efeito da fronteira” com Espanha - o segundo país com mais vítimas mortais em todo o mundo (10.935, entre 117.710 casos de infeção confirmados).

Os dois investigadores do CEG recorreram ainda a um relatório de 2019 da Organização Mundial de Saúde (OMS) que apontava as 10 maiores ameaças globais e que já então defendia que as áreas urbanas seriam as mais afetadas devido à concentração da população. Por isso, concluíram que “a situação atual de pandemia dá realce à comunicação de 2019” da OMS.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 54 mil. Dos casos de infeção, cerca de 200.000 são considerados curados.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 246 mortes, mais 37 do que na véspera (+17,7%), e 9.886 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 852 em relação a quinta-feira (+9,4%).

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