Igreja pede fraternidade e união profunda em Páscoa de restrições
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) enviou hoje uma mensagem de “comunhão fraterna e eclesial” e apelou, perante o flagelo da pandemia de covid-19, a uma união mais profunda ao “Senhor na sua paixão, morte e ressurreição” pascal.
Em comunicado, a CEP menciona que a atual situação de pandemia, da consequente emergência sanitária e das circunstâncias inéditas em que todos são chamados a viver e celebrar esta Páscoa de 2020, levou a enviar esta mensagem de “comunhão fraterna e eclesial, como meio e modo de partilhar a fadiga e a solidariedade” no ministério católico, acompanhando também “a dor, a aflição e os medos do povo” português.
Na mensagem, Manuel Clemente e António Marto, respetivamente presidente e vice-presidente da CEP, indicam que as atuais restrições impostas no respeito pelo bem da saúde pública obrigam a todos a celebrar “o mistério pascal em condições limitadas, sem se poder reunir com os sacerdotes e demais fiéis”.
Todavia, estas circunstâncias - adianta a CEP - poderão levar os fiéis a unirem-se “mais profundamente ao Senhor na sua paixão, morte e ressurreição” e a oferecer, juntamente com os sacerdotes, este “acrescido sacrifício por todo o santo povo de Deus e pela humanidade oprimida” pelo flagelo da pandemia.
“Servem-nos de grande conforto e incentivo as palavras do Papa Francisco que, na recente `oração pela humanidade, disse: “Não apaguemos a mecha que ainda fumega, que nunca adoece, e deixemos que reacenda a esperança.”, diz a mensagem pascal.
A CEP nota que celebrações pascais deste ano não podem deixar de incluir nelas “o sofrimento e as aflições de quantos são vítimas da atual pandemia”, sublinhando que, ao mesmo tempo, o mistério pascal “faz brotar luz sobre os tempos atuais, convidando a viver o amor mútuo, a compaixão e solidariedade entre todos os homens e mulheres e os respetivos povos”.
“O Senhor Jesus, que oferece a sua vida na morte, ressuscita para oferecer a todos uma nova vida, confiança e alegria”, enfatiza a mensagem.
A CEP apela ainda aos fiéis para que saibam estar próximos e serem portadores da misericórdia, da paz e da esperança do Senhor ressuscitado para as nossas comunidades e para a sociedade.
“Apesar de ser doloroso este tempo de ausência das celebrações comunitárias, ele tem sido fecundo na criatividade e no uso das novas tecnologias para a evangelização, para a espiritualidade e para ser Igreja comunidade e Igreja em saída. Este é também um tempo para pensar, dialogar, imaginar e projetar novo futuro”, por exemplo, como viver este tempo para que seja gerador de um estilo de Igreja, renovado e fiel ao Evangelho? Como fazer surgir perspetivas fecundas que reforcem também o empenho eclesial contra a pobreza e a grande crise socioeconómica que se avizinha?”, conclui a nota, renovando a esperança e a fé.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 246 mortes, mais 37 do que na véspera (+17,7%), e 9.886 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 852 em relação a quinta-feira (+9,4%).
Dos infetados, 1.058 estão internados, 245 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 68 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.