Ordem dos Dentistas diz que Marcelo compreendeu exigências do sector
O Presidente da República mostrou compreensão em relação às reivindicações da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) durante a pandemia de covid-19, disse hoje o bastonário da entidade, Orlando Monteiro da Silva, após uma audiência com o chefe de Estado.
Em declarações à Lusa, o líder da OMD frisou que Marcelo Rebelo de Sousa “estava profundamente conhecedor da realidade pela qual está a passar a medicina dentária”, que viu a sua atividade ser suspensa pelo Governo em 15 de março face à propagação do novo coronavírus, e reiterou a necessidade de haver uma proteção transitória.
“É necessário que haja medidas específicas para o setor da medicina dentária. A expectativa é que sejamos equiparados a outros trabalhadores por conta de outrem e que possamos ter o mesmo tipo de apoios”, explicou, acrescentando: “O setor da medicina é privado, nunca teve ajudas estatais, mas damos apoio social e assistência à generalidade da população. Se colocarmos isso em causa, deixamos de ser capazes de dar essa assistência”.
Entre as exigências da Ordem destaca-se uma medida de compensação mensal para os trabalhadores independentes que tenha, como média, rendimentos do ano de 2019 ou os seis meses mais recentes que possa respeitar o mínimo de 635 euros e o máximo de 1.905 euros, e a garantia de que os dentistas que são sócios-gerentes possam beneficiar de uma remuneração mensal durante o período de suspensão da atividade correspondente a cerca de dois terços da média do rendimento auferido em 2019 ou nos últimos seis meses com um limite máximo de 1.905 euros (três vezes o salário mínimo nacional) e um limite mínimo de 635 euros, equivalente ao salário mínimo.
Além das reivindicações de maior apoio social enquanto durar o estado de emergência e do alerta para a necessidade de mais equipamentos de proteção individual, Orlando Monteiro da Silva reconheceu também ter recebido “conselhos do Presidente para o pós-pandemia” e da resposta que o setor terá de dar aos portugueses.
“Disse para estarmos preparados para o que aí vem, ou seja, piores índices de saúde oral da população portuguesa e da necessidade de estarmos preparados a vários níveis para recebermos os doentes nos nossos consultórios”, citou o bastonário, que lembrou que em causa estão não só 11.500 médicos dentistas, mas também “30 mil a 35.000 colaboradores”, entre higienistas orais, protésicos e indústria farmacêutica e de equipamentos.
Orlando Monteiro da Silva realçou também que, segundo um inquérito aos profissionais, a pandemia ditou o “abrandamento da atividade a 90%”, uma vez que apenas “cerca de 10% revelaram ter acesso a equipamento adequado para dar resposta às urgências” a nível de medicina dentária, considerando “brutal” o impacto da covid-19 no setor.
“É um setor muito grande e que não pode ser abandonado à sua sorte, precisa de um apoio muito transitório enquanto durar a pandemia e com efeito retroativo. Não quero acreditar que fomos esquecidos, quero acreditar que vamos ser tidos em conta e que o governo assumirá as suas responsabilidades”, concluiu.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 57 mil. Dos casos de infeção, cerca de 200 mil são considerados curados.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 246 mortes, mais 37 do que na véspera (+17,7%), e 9.886 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 852 em relação a quinta-feira (+9,4%).