Branquear?
O deputado do PS Carlos Pereira (CP) afirmou “que não contribuirá para branquear quem endividou os madeirenses de forma irresponsável; que a dívida superior a 4500 milhões de euros constituiu um dos maiores atentados aos madeirenses, sobretudo aquela dívida que não serviu para nada”. Não se entende como iria CP “branquear” o que quer que seja já que a dívida existe, está devidamente contabilizada e ao invés do que se tem verificado com a dívida da República que continua a crescer em valor absoluto contrariando o prometido pelo Ministro das Finanças, a RAM tem vindo a pagar não só os juros mas também a amortizar o capital. O que muitos entendem é que CP e a entourage socialista armaram recentemente um circo mediático ao exigir a mutualização das dívidas na UE, mesmo sabendo de antemão que tal seria inviável no imediato. Seguindo a lógica de raciocínio de CP impõe-se questionar se ao viabilizar a mutualização a UE não estaria também a “branquear” as dívidas, algumas excedendo 120% do PIB, de países como Portugal, Grécia e Itália? Convém relembrar que o rácio da dívida pública em função do PIB no final de 2019 era de 95,2% na RAM enquanto o do País era de 120,5%. Só quem por motivos menos sérios pretender ignorar o que era a Madeira em 1974 e o que é hoje a RAM é que poderá fazer afirmações como as que CP fez, que têm tanto de leviano como de falta de rigor. A dívida da RAM resultou de investimento público absolutamente crucial para reduzir o enorme atraso de desenvolvimento a todos os níveis de que os madeirenses eram vítimas. Em face da última crise e da que agora nos assola se esses investimentos não tivessem sido feitos na altura em que o foram nunca mais seriam feitos. Quanto à alegada “dívida que não serviu para nada” será um dano colateral indesejável que infelizmente ocorreu também no resto do País, mas de todo insuficiente para pôr em causa o muitíssimo de bom e útil que foi feito. Grave seria não ter feito o investimento quando o mesmo foi possível.