Ordem dos Enfermeiros quer reforço de profissionais nos Açores
A Ordem dos Enfermeiros nos Açores defendeu hoje um reforço destes profissionais na região, sobretudo nos lares de idosos, no âmbito do documento do Governo Regional para uma “saída segura” da pandemia de covid-19.
“Com a questão da organização que foi necessária ao nível dos serviços, ficou bem patente que há uma lacuna ao nível de enfermeiros na região, fundamentalmente nos lares”, disse à agência Lusa o presidente do conselho diretivo da Ordem dos Enfermeiros nos Açores, Pedro Soares.
A Ordem dos Enfermeiros é uma das entidades às quais o Governo dos Açores pediu para contribuir no roteiro “Critérios Para Uma Saída Segura da Pandemia Covid-19”.
Pedro Soares sublinhou que os enfermeiros que prestam apoio em lares de idosos fazem-no “muitas vezes em regime de ‘part-time’”, uma vez que não existe “grande aposta” em “equipas fixas” nessas instituições.
O presidente da Ordem dos Enfermeiros nos Açores destacou que também existe a “necessidade de aumentar a enfermagem” no Serviço Regional de Saúde.
A Lusa teve acesso à missiva que a Ordem dos Enfermeiros na região enviou com os seus contributos para o roteiro do Governo dos Açores.
“Nos poucos meses em que já levamos de pandemia, ficou claro que os mesmos [os recursos humanos], pelo menos no que se refere ao número de enfermeiros, não são suficientes para garantir os adequados cuidados de saúde à população açoriana”, lê-se na carta enviada pelos enfermeiros ao executivo regional.
No documento, a Ordem diz ser “imperioso” monitorizar o Serviço Regional de Saúde, para a “definição de circuitos seguros e diferenciados” entre os doentes com covid-19 e os restantes.
A Ordem defende também a monitorização dos meios humanos nos serviços públicos de saúde nos Açores para a “definição de um plano de ação”, que garanta a “existência de dotações seguras de profissionais de saúde” nos centros de saúde e hospitais da região.
Os enfermeiros pedem também a introdução de medidas para permitir o “reagendamento da atividade cirúrgica adiada”, dando o exemplo da realização de consultas e da prestação de cuidados de saúde primários.
“Nós achamos que é muito importante voltarmos a pegar nos doentes ‘não covid’ para as consultas e na assistência ao nível da saúde comunitária a estes doentes. Fazer um pouco o retrocesso e tentarmos perceber o que de certa maneira ficou em ‘stand by’”, explicou Pedro Soares à Lusa.
O presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, disponibilizou na passada sexta-feira um documento com os critérios para uma “saída segura” da pandemia de covid-19, nas palavras do executivo regional.
O documento irá ser alvo de contribuições de várias associações, entidades e de pessoas individuais que assim pretenderem.
Até ao momento, já foram detetados na região um total de 138 casos de infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença covid-19, verificando-se 40 recuperados, 12 óbitos e 86 casos positivos ativos.
Destes, 62 são em São Miguel, três na ilha Terceira, cinco na Graciosa, dois em São Jorge, nove no Pico e cinco no Faial.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 217 mil mortos e infetou mais de 3,1 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Em Portugal, morreram 973 pessoas das 24.505 confirmadas como infetadas, e há 1.470 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.