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Livrarias de rua abrem na segunda-feira, mas APEL ainda desconhece condições

Foto DR
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As livrarias de rua reabrem na próxima segunda-feira, mas ainda não está esclarecido se há condicionantes, como a obrigatoriedade de uso de máscaras, disse hoje à Lusa o presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL).

“A partir de segunda-feira, todas as livrarias de rua podem abrir, e posso dizer que estão desejosas de o fazer. Nos centros comerciais não está de todo esclarecido, porque não sei quando abrem os centros comerciais e como se enquadra” a abertura de livrarias dentro desses espaços, afirmou João Alvim.

A única coisa que ainda não está esclarecida relativamente à reabertura das livrarias de rua é se vai haver condicionantes, como o uso de máscara, afirmou o responsável, defendendo que este “deveria ser obrigatório”.

João Alvim adiantou que na quinta-feira deverá receber do Ministério da Cultura as indicações que faltam sobre as regras para a reabertura das livrarias.

Na quinta-feira, o Conselho de Ministros estabelece o novo quadro jurídico para o fim do estado de emergência, que inclui medidas relacionadas com o levantamento de restrições no país, sendo provável o recurso à declaração de calamidade pública.

A reabertura das livrarias enquadra-se no processo que abrange o conjunto de lojas até 200 metros quadrados, anunciado pelo Governo, para retoma gradual da atividade económica. A partir do dia 18, serão as lojas até 400 metros quadrados e, no início do mês de junho, as restantes.

O setor do livro está a ser fortemente afetado pelas restrições impostas, em consequência da pandemia causada pelo novo coronavírus, com livrarias e editoras a darem sinais de dificuldades de tesouraria, e algumas a admitirem que poderão não resistir à crise.

Em consequência do estado de emergência decretado pela primeira vez a 18 de março, e que termina no dia 2 de maio à meia-noite, as livrarias viram-se obrigadas a fechar portas, o que conduziu todo o setor a uma quebra na ordem dos 80% e prejuízos superiores a 20 milhões de euros.

De acordo com o relatório semanal sobre as vendas de livros em Portugal, relativo ao período entre 13 e 19 de abril, verifica-se, “pela quarta semana consecutiva, a continuidade da quebra nas vendas de livros”.

Segundo o painel de vendas Gfk, nesta semana “verificou-se uma ligeira recuperação das livrarias, mas que, ainda assim, tiveram uma redução de 76% face ao período homólogo de 2019”.

Para João Alvim, esta ligeira melhoria pode ser explicada pela aproximação do Dia Mundial do Livro, que se assinalou no dia 23 de abril, mas ainda assim sublinha que o mercado continua com uma “quebra enorme”.

Comparativamente com a mesma semana do ano passado, venderam-se menos 134,5 mil livros, o que correspondeu a perdas na ordem de 1,8 milhões de euros.

João Alvim alerta que “urge serem tomadas medidas para este setor” e lamenta a “incompreensão” do governo para com o livro e a sua importância.

“É extraordinário que um setor como o do livro, com um peso único e o maior da cultura, com todas estas dificuldades, tenha sido contemplado nestas condições [Governo anunciou um total de 600 mil euros para ajudar editoras e livrarias], enquanto outros recebem 15 milhões de euros”, considerou João Alvim.

Para ilustrar a “discrepância” no tratamento, o presidente da APEL exemplificou com o facto de os organizadores dos festivais de música terem sido recebidos pelo primeiro-ministro, enquanto os editores e livreiros não.

No dia do livro, a ministra da Cultura anunciou o lançamento de um programa no valor global de 400 mil euros, para aquisição de livros dos catálogos das editoras e livrarias, até um máximo de 5 mil euros por editora e livraria, a serem distribuídos pela Rede de Ensino de Português no Estrangeiro (Cátedras, Centros de Língua Portuguesa, Leitorados) e Rede de Centros Culturais.

A este valor acrescem 200 mil euros já inscritos em orçamento para compra de livros para bibliotecas da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, privilegiando as livrarias de proximidade.

Para João Alvim, este pacote de medidas revela um “grande desconhecimento da situação que se vive no mundo do livro” e “não se aproxima de nada daquilo” que a APEL propôs, nem “resolve os problemas dos editores e nem dos livreiros”.

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