Costa quer um plano de recuperação europeu entre um bilião e 1,5 biliões de euros
O secretário-geral do PS afirmou hoje esperar que o plano europeu de recuperação económica tenha “uma magnitude” entre um bilião e 1,5 biliões de euros, sendo baseado em emissão de dívida por parte da União Europeia.
Esta expectativa foi transmitida por António Costa em entrevista ao jornalista Filipe Santos Costa para o podcast “Política com Palavra” hoje lançado pelo PS.
“O plano de recuperação terá de possuir uma magnitude entre um bilião e 1,5 biliões de euros. Para termos uma bazuca com esta dimensão, é necessário que a União Europeia mobilize recursos”, declarou o líder socialista após ser questionado sobre a agenda do Conselho Europeu de hoje.
Na perspetiva do secretário-geral do PS, para financiar esse plano de recuperação da União Europeia, tendo em vista relançar as economias após a crise sanitária provocada pela pandemia de convid.19, “é necessário proceder à emissão de dívida por parte da União Europeia”.
“As propostas da Comissão Europeia de emissão de dívida para a criação de um fundo de recuperação e a integração desse fundo de recuperação no Quadro Financeiro Plurianual (QFP) parecem-me particularmente inteligentes, porque desbloqueiam as negociações do QFP e dotam a União Europeia de um programa de recuperação”, sustentou.
Neste ponto, o primeiro-ministro insistiu que “tem de haver emissão de dívida por parte da União Europeia, porque beneficia de melhores condições de mercado do que cada um dos Estados-membros individualmente”.
Perante um cenário de desacordo entre os chefes de Estado e de Governo da União Europeia, António Costa deixou um aviso, considerando estar “em causa a fragmentação e o empobrecimento do mercado interno”.
“É fundamental que países em dificuldades como a Itália recuperem, mas também que países como a Holanda (dos maiores beneficiários do mercado interno) tenham esse mercado interno novamente a funcionar”, argumentou.
Para António Costa, a União Europeia pode limitar-se a ser uma união aduaneira ou um mercado interno no futuro.
“Mas, se quer ser mesmo uma união política, então tem de ser capaz de responder em conjunto a um desafio desta dimensão”, defendeu, salientando que “a fatura económica e social desta crise é brutal”.
Nesta entrevista, o líder socialista classificou como “exagero” concluir-se que a globalização vai ser uma vítima da pandemia de covid-19, mas contrapôs que se terá de se “reinventar a globalização”.
“Não podemos ter cadeias de valor tão extensas. Não podemos estar tão dependentes de um só país que produz equipamentos de proteção individual”, referiu, numa alusão à China.
Em relação ao turismo, António Costa disse que representa 8% do Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal, sendo o motor de outros setores económicos nacionais.
“Uma das vantagens competitivas do turismo era Portugal ser um país seguro. Os dados que temos sobre a evolução da pandemia têm permitido reforçar essa dimensão de Portugal. No plano internacional, Portugal tem sido referenciado como um país com capacidade de resposta do SNS (Serviço Nacional de Saúde), com capacidade institucional e onde houve uma reação espontânea exemplar dos cidadãos às medidas de contenção” por causa da covid-19, defendeu.
Na entrevista, António Costa foi questionado se estava arrependido de ter dito à TVI que não faltava nada aos profissionais de saúde no combate à covid-19.
Segundo o primeiro-ministro, “os factos têm permitido contextualizar devidamente” essa sua resposta, dando como exemplo o indicador relativo às camas destinadas aos cuidados continuados, cuja taxa ocupação se situa entre 55 e os 62%”.
“Nunca estivemos perto de uma situação de rutura relativamente à covid-19, ou na capacidade de resposta face a outras doenças. Nunca ouvi queixas [de falta de meios] dos profissionais que trabalhavam diretamente com os doentes de covid-19, designadamente nos serviços de infecciologia - e era a esses que me estava a referir”, justificou.