Protestos em oito estados da Venezuela por falta de gasolina e alimentos
Os venezuelanos protestaram hoje devido à falta de alimentos e de gasolina em pelo menos oito dos 24 estados do país, entre eles o estado de Barinas, onde nasceu o antigo Presidente do país Hugo Chávez, que morreu em 2013.
Além de Barinas, os protestos ocorreram nos estados de Portuguesa, Trujillo, Mérida, Monágas, Bolívar, Sucre e Nova Esparta.
A população queixa-se da falta de alimentos, dos altos preços dos produtos e da falta de combustível.
Já os produtores agrícolas reclamam que as colheitas estão a estragar-se porque sem gasolina não podem fazer chegar legumes e frutas às cidades.
Em Socopó (Barinas), estado natal de Hugo Chávez (que liderou a Venezuela entre 1999 e 2013), dezenas de produtores agrícolas bloquearam a circulação numa via que liga a localidade ao resto do país, em protesto pela falta de abastecimento de combustível.
Noutro local, no estado de Portuguesa, dezenas de motoristas de autocarros (na Venezuela os motoristas são proprietários de muitos autocarros) saíram à rua para protestar porque há mais de um mês que estão sem trabalhar, por falta de combustível.
“Temos fome” e “queremos comida” foram algumas das palavras de ordem dos manifestantes.
O Partido Comunista da Venezuela denunciou que foi detido, em Guanare, o autarca Heddye António Cristancho, membro daquela organização, quando gravava alegadas irregularidades na venda de gasolina.
Em Pueblo Llano, no estado de Mérida, a população bloqueou uma estrada em protesto pela má qualidade dos serviços públicos e pela falta de gasolina que afeta os produtores agropecuários.
No estado de Trujillo, em Jajo, os produtores das zonas altas agrícolas protestaram em motocicletas pela falta de gasolina e bloquearam uma via que dá acesso ao estado de Mérida.
Os protestos em Barinas, Portuguesa, Trujillo e Mérida levaram o presidente da Federação de Produtores Agropecuários, Aquiles Hopkins, a referir que a produção de arroz poderá perder-se por falta de combustível para os motores usados para regar os campos.
Do outro lado do país, em Punta de Mata, no estado de Monágas, ocorreram protestos e saques de estabelecimentos comerciais, com os manifestantes a dizer que “sem comida não há quarentena” preventiva da covid-19.
Em Sucre, a população gritou “temos fome” durante uma tentativa de saque do Mercado Municipal de Rio Caribe.
Os protestos e saques em Upata, no estado de Bolívar, provocaram a morte de uma pessoa e à detenção de pelo menos 10.
Em La Candelária, centro de Caracas, as forças de segurança obrigaram os comerciantes a encerrar os seus estabelecimentos comerciais para evitar situações de vandalismo e pilhagem.
Os protestos começaram na quarta-feira em Cumanacoa, no estado venezuelano de Sucre, a 460 quilómetros a leste de Caracas, onde vários estabelecimentos comerciais foram saqueados e pelo menos sete pessoas ficaram feridas.
Também na quarta-feira, em Valência, estado de Carabobo, centenas de motociclistas cortaram os acessos à autoestrada regional do Centro, em Sán Blas e San Diego, em protesto pela falta de gasolina no país.
Os motociclistas queixam-se de que sem gasolina não podem trabalhar e não recebem salário para comprar alimentos.