Sindicato do Ensino Superior mantém apreensão face a actividade presencial em Maio
O presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNEsup) vincou hoje que as últimas declarações do ministro do Ensino Superior “em nada alteram” as preocupações do sindicato quanto à possibilidade de regresso da atividade presencial nas universidades em maio.
Confrontado com a posição favorável do ministro do Ensino Superior, Manuel Heitor, sobre tal possibilidade, o presidente do SNEsup, Gonçalo Velho, referiu à agência Lusa que, quer as declarações do ministro, quer a do presidente do Conselho de Reitores, em “nada altera” as “preocupações e a apreensão” do sindicato perante o eventual regresso dos docentes universitários à atividade presencial já em maio.
A este propósito, Gonçalo Velho frisou que ainda hoje foi noticiado que a direção de uma Faculdade da Universidade do Porto informou os docentes que tinham de ser eles a comprar o material de proteção contra o coronavírus, ao contrário do que foi indicado para os funcionários não docentes.
Este e outros factos que ocorrem no setor vêm, no entender do SNEsup, contraditar as declarações do ministro Manuel Heitor e demonstrar que as instituições universitárias “não estão preparadas para o regresso à atividade presencial em maio, mesmo numa escala faseada”.
“Todas as questões levantadas pelo SNEsup têm uma razão de ser, que parte da realidade efetivamente vivida por docentes e investigadores”, sublinhou Gonçalo Velho.
O presidente do SNEsup sublinhou ainda que as instituições universitárias têm respondido de “forma diferente” à questão do regresso à atividade presencial, o que é revelador da “completa descoordenação que existe no setor”.
“A autonomia (das universidades) não justifica esta descoordenação, nem que exista um Conselho de Reitores a falar a 17 vozes”, criticou Gonçalo Velho.
O presidente do SNEsup mostrou-se ainda preocupado com o facto de já terem surgido vozes no setor a propor alterações “ao modelo pedagógico no próximo ano letivo”, no sentido da manutenção de algumas formas de ensino à distância, sem que tenham sido consultados os órgãos representativos próprios (Conselho Pedagógico e Conselho Científico), violando assim a “autonomia pedagógica dos professores e fazendo valer alterações voluntaristas sem qualquer base na realidade”.
Em entrevista ao Observador, o ministro do Ensino Superior diz esperar que algumas aulas sejam retomadas em maio e adverte que “a autonomia não serve para tudo”. Admite, contudo, que os alunos não podem ser penalizados se vieram a faltar às aulas nesse regresso à atividade presencial.
“Se as universidades aceitarem a ideia de retomar algumas atividades presenciais já em maio, o aluno continua a ter a liberdade de não fazer o mesmo, por medo de contágio, por exemplo”, disse ao Observador.
Nesses casos, Manuel Heitor entende que o estudante “não pode nem deve” ser penalizado por faltar, mesmo a aulas presenciais obrigatórias. E voltou a apelar à responsabilização de todos, até na gestão de quem ensina, para proteger os mais frágeis.
O ministro - ainda em declarações ao Observador - diz acreditar que não será necessário contratar mais professores, para garantir o desdobramento das turmas --- e ter, assim, menos alunos por sala de aula ---, mas admite que seria uma oportunidade para “rejuvenescer o corpo doente”.
Portugal regista 785 mortos associados à covid-19 em 21.982 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
Relativamente ao dia anterior, há mais 23 mortos (+3%) e mais 603 casos de infeção (+2,8%).
Das pessoas infetadas, 1.146 estão hospitalizadas, das quais 207 em unidades de cuidados intensivos, e o número de doentes curados aumentou de 917 para 1.143.
Portugal cumpre o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o decreto presidencial que prolongou a medida até 02 de maio prevê a possibilidade de uma “abertura gradual, faseada ou alternada de serviços, empresas ou estabelecimentos comerciais”.