Autoridade de Saúde dos Açores afasta cenário de transmissão comunitária
O responsável Autoridade de Saúde Regional dos Açores disse que os dois casos de covid-19 detetados hoje no hospital de Ponta Delgada não têm ligação à cadeia de transmissão já identificada, mas rejeitou um cenário de transmissão comunitária.
“A transmissão comunitária é quando temos diferentes cadeias de transmissão e não conseguimos de certa forma contê-las e perdemos o fio à meada. Era o que teria acontecido se a cadeia de transmissão originada na Povoação tivesse passado por Ponta Delgada e chegado ao Nordeste e neste momento ainda não a tivéssemos confinado”, explicou.
O responsável máximo da Autoridade de Saúde Regional dos Açores, Tiago Lopes, falava em Angra do Heroísmo no ponto de situação diário sobre a evolução do surto de covid-19 na região.
Segundo o também diretor regional da Saúde, as sete cadeias de transmissão identificadas no arquipélago estarão já confinadas.
“A maior delas, a que chegou ao concelho do Nordeste, estará confinada, mas temos de dar alguma margem -- duas semanas ou mais algum tempo -- para vermos se não há desenvolvimento de casos positivos que possam ainda estar relacionados com os contactos próximos ou com os casos positivos identificados de alguma destas cadeias”, avançou.
Hoje foram detetados cinco novos casos positivos de covid-19 em utentes do lar da Santa Casa da Misericórdia do Nordeste.
No total tiveram já resultado positivo 32 utentes do lar (seis dos quais morreram), 10 profissionais de saúde e seis contactos próximos desses profissionais.
Foram ainda identificados hoje dois casos positivos ligados ao Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, uma bebé de um ano, aquando da sua admissão para internamento, e uma profissional de saúde, que regressava ao trabalho, depois de um período no seu domicílio.
Segundo Tiago Lopes, a origem dos dois casos ainda está a ser investigada, mas à partida não terão relação com a cadeia de transmissão identificada no hospital e que envolve perto de uma dezena de profissionais de saúde e seis utentes.
“São casos isolados que não terão ligação direta com a cadeia de transmissão secundária, identificada no interior do hospital”, frisou.
Além de testar todos os utentes no momento da admissão e da alta, o hospital de Ponta Delgada está também a realizar um rastreio a todos os profissionais de saúde e utentes que tenham passado pelas instalações no último mês, que envolve mais de 1.000 pessoas e “estará praticamente concluído”.
As autoridades de saúde suspeitam que o Hospital do Divino Espírito Santo esteja também relacionado com a infeção de um sem-abrigo da Ribeira Grande, que terá ido às urgências na mesma altura em que foi uma das utentes que terá originado a cadeia de transmissão na unidade.
“Leva-nos a crer, eventualmente, por via da negatividade que existe dos contactos próximos, que poderá ter havido o contágio durante as várias vezes em que ele se deslocou ao serviço de urgência. Poderá ter estado em contacto ou ter utilizado algum objeto que possa ter induzido esse contágio”, explicou Tiago Lopes, acrescentando que foram identificados cerca de 200 contactos próximos e que a maioria teve resultado negativo.
Foi hoje registado um óbito de uma doente com covid-19 nos Açores, o oitavo na região e o sexto entre utentes do lar do Nordeste, e quatro recuperações, todas no concelho de Ponta Delgada.
Desde o início do surto foram confirmados 138 casos de covid-19 nos Açores, 111 dos quais atualmente ativos, tendo ocorrido 19 recuperações (oito em São Miguel, seis na Terceira, quatro em São Jorge e uma no Pico) e oito mortes (em São Miguel).
A ilha de São Miguel é a que registou mais casos (100), seguindo-se Terceira (11), Pico (10), São Jorge (sete), Faial (cinco) e Graciosa (cinco).
Estão internados 41 doentes com covid-19 no arquipélago, quatro dos quais em cuidados intensivos, sendo que o estado de um deles se agravou.
A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou cerca de 179 mil mortos e infetou mais de 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Em Portugal, morreram 785 pessoas das 21.982 registadas como infetadas, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
Os dados da Autoridade de Saúde Regional dos Açores têm por vezes sido diferentes dos anunciados para a região pela DGS, mas a entidade açoriana realça que os números a registar são os seus.