Elite desportiva contabiliza nove dezenas de recuperados
Nove dezenas de atletas, treinadores e dirigentes associados à alta competição superaram a infeção pelo novo coronavírus, responsável pela pandemia de covid-19, que afetou mais de 100 eventos desportivos desde janeiro.
Em Portugal, destacam-se as recuperações bem-sucedidas de Alípio Matos, treinador de futsal com passagens por Benfica e Belenenses, e de Eugénio Dias Ferreira, antigo presidente da mesa da Assembleia Geral e ex-candidato à liderança do Sporting, dois casos que exigiram o internamento em unidades hospitalares de Cascais e Lisboa.
Ambos ficaram recuperados em 08 e 12 de abril, respetivamente, enquanto Rafaela Azevedo, nadadora do Algés e uma das principais promessas nacionais para os Jogos Olímpicos Tóquio2020 testou positivo no início do mês, mas não precisou de sair de casa para ultrapassar uma doença espalhada pelos quatro cantos do mundo.
O novo coronavírus fez soar alarmes em alguns clubes de futebol do país vizinho, o terceiro mais vitimado (20.852 mortos em mais de 200 mil casos), onde o Espanyol revelou, em 01 de abril, a cura de cinco jogadores e um membro da equipa técnica, incluindo o defesa Leandro Cabrera e os avançados Matías Vargas e Wu Lei.
Descendo na costa do Mediterrâneo, o diário espanhol Marca noticiou no mesmo dia que o Valência, dos lusos Thierry Correia e Gonçalo Guedes, superou 35% de testes positivos, entre 15 pessoas do ‘staff’ e 10 jogadores, dos quais apenas os defesas José Gayá, Ezequiel Garay (ex-Benfica) e Eliaquim Mangala (ex-FC Porto) saíram do anonimato.
Os ‘ches’ tornaram-se no emblema europeu mais afetado pela covid-19, em 16 de março, seis dias depois de receberem a Atalanta à porta fechada para a segunda mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões (3-4), numa eliminatória que tinha arrancado em Milão, no norte de Itália (1-4), e que ajudou a erguer uma “bomba biológica” em 19 de fevereiro.
De acordo com Giorgio Gori, autarca da província de Bérgamo, sede da formação transalpina, a realização do encontro representou “um forte momento de propagação do contágio” entre os 46.000 espetadores presentes no estádio Giuseppe Meazza, situado na segunda nação com mais mortos (24.144 mortos em mais de 181 mil casos).
Nas três semanas que intercalaram os dois jogos, o surto viral galopou pela região da Lombardia e despertou o continente europeu para a pandemia, com os emblemas italianos a serem os primeiros a detetar casos positivos, dos quais já se ‘livraram’ seis jogadores, desde logo o avançado Manolo Gabbiadini, da Sampdoria, em 31 de março.
A Fiorentina anunciou a recuperação do defesa Germán Pezzella e dos avançados Patrick Cutrone e Dusan Vlahovic, em 05 de abril, enquanto a octocampeã Juventus comunicou na quarta-feira duplos testes negativos ao defesa Daniele Rugani e ao médio francês Blaise Matuidi, companheiros do internacional português Cristiano Ronaldo.
Pelo caminho, em 08 de abril, a imprensa desportiva avançou melhorias sobre a situação clínica de Paolo Maldini, antigo internacional italiano e atual diretor técnico do AC Milan, e do filho Daniel, dianteiro dos juniores ‘rossoneros’, que replicaram a evolução do avançado Callum Hudson-Odoi, declarada pelos ingleses do Chelsea, em 23 de março.
Dois dias depois, o rival londrino Arsenal confirmou a recuperação do treinador espanhol Mikel Arteta, que orienta Cédric Soares e foi afastado dos 16 avos de final da Liga Europa pelos gregos do Olympiacos, de Pedro Martins, cujo líder Evangelos Marinakis, também dono do Nottingham Forest, passou pelo mesmo desafio até estabilizar em 24 de março.
Outros casos de sucesso ligados aos camarotes presidenciais e aos bancos de suplentes passaram por Maurício Gomes de Mattos, vice-líder dos brasileiros do Flamengo, comandados por Jorge Jesus, os chefes das federações sérvia e japonesa, respetivamente Slavisa Kokeza e Kozo Tashima, ou Fatih Terim, que orienta os turcos do Galatasaray
Já no país com mais mortos (mais de 40 mil) e infetados (acima de 760 mil), estão curados Marcus Smart (Boston Celtics), Kevin Durant e três colegas (Brooklyn Nets), Christian Wood (Detroit Pistons), Donovan Mitchell e Rudy Gobert (Utah Jazz), o paciente zero que ditou a interrupção por tempo indefinido da Liga norte-americana de basquetebol (NBA).
O teste positivo do extremo-poste americano Trey Thompkins conduziu os espanhóis do Real Madrid a duas semanas de isolamento, mas tudo ficou sanado em 02 de abril, à semelhança do que aconteceu com a nadadora húngara Boglarka Kapas, campeã mundial dos 200 metros mariposa e medalha de bronze nos 800 estilos nos Jogos Olímpicos Rio2016.
Apesar das medidas restritivas adotadas por cada país, a doença não conheceu fronteiras e colocou referências de outras modalidades nas unidades hospitalares, como o consagrado voleibolista francês Earvin Ngapeth, dos russos do Zenit Kazan, que esteve internado durante duas semanas e recebeu alta em 26 de março.
Situação idêntica viveram os ciclistas Fernando Gaviria e Maximiliano Richeze, companheiros do português Rui Costa na UAE Emirates, mais Igor Boev e Dmitry Strakhov, ambos da Gazprom-RusVelo, que competiram na Volta aos Emirados Árabes Unidos no final de fevereiro, em plena eclosão da pandemia de covid-19.
Com mais de 165 mil mortos e 537 mil curados face aos 2,5 milhões de infetados por todo o mundo, o novo coronavírus surgiu em dezembro na China, onde o internacional belga Marouane Fellaini, do Shandong Luneng, foi o único futebolista a acusar positivo, em 22 de março, tendo encerrado há uma semana três semanas de isolamento hospitalar.