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Comissária europeia da Saúde pede “muita cautela” ao levantar restrições

Foto JOHN THYS / AFP
Foto JOHN THYS / AFP

A comissária europeia da Saúde sublinhou hoje que a pandemia da covid-19 “não vai desaparecer” até haver tratamentos eficazes e vacina, insistindo por isso que é necessária “muita cautela” no levantamento das restrições e coordenação entre os Estados-membros.

Intervindo numa videoconferência organizada pela comissão de Saúde Pública do Parlamento Europeu, a comissária Stella Kyriakides repetiu por diversas vezes que é preciso “extrema precaução” nesta fase em que muitos países começam a ‘aliviar’ o confinamento e as restrições, apontando que os cidadãos têm de se consciencializar de que, apesar de a situação estar a evoluir favoravelmente, “a vida quotidiana vai continuar a ser afetada no futuro previsível”.

“A covid-19 não se vai embora, quero que isto fique muito claro. Vamos ter de aprender a viver com ela [a doença] até haver vacina e tratamentos eficazes”, declarou.

A comissária cipriota apontou que as últimas semanas têm dado “algumas notícias encorajadoras no sentido de que as medidas de confinamento ajudaram a abrandar a propagação do coronavírus e a ‘achatar’ a curva, o que prova que foram importantes”, mas ressalvou que estes dados devem ser encarados “com reservas”.

“Temos de ser extremamente cautelosos na interpretação dos números”, insistiu, lembrando que o mundo lida de forma “experimental” com este novo vírus.

Referindo-se ao ‘roteiro’ apresentado na semana passada pela Comissão Europeia com orientações aos Estados-membros sobre os critérios que devem presidir às suas decisões de levantar gradualmente as medidas restritivas impostas para combater a pandemia, Kyriakides enfatizou que “este roteiro não é um documento estático, vai evoluindo à medida que há mais dados científicos”, pelo que é necessária uma monitorização permanente dos efeitos das medidas adotadas.

“Se nos movermos demasiado depressa, se não nos coordenarmos, arriscamos um aumento do número de casos e podemos prejudicar todos os sacrifícios feitos pelos cidadãos, incluindo médicos, enfermeiros e todos os que trabalham na linha da frente”, advertiu.

A concluir a sua intervenção, Stella Kyriakides apontou que “a grande, grande questão” agora passa por uma efetiva coordenação entre os Estados-membros, sob pena de a UE enfrentar uma segunda vaga de infeções.

“Temos de ser realmente coordenados no levantamento das restrições, porque será muito, muito difícil se tivermos de voltar a aplicá-las”, advertiu.

Segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou a nível global mais de 167 mil mortos e infetou mais de 2,4 milhões de pessoas em 193 países e territórios, sendo a Europa o continente mais afetado. Mais de 537 mil doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Por regiões, a Europa soma mais de 104 mil mortos (1,2 milhões de casos), os Estados Unidos e o Canadá mais de 42 mil mortos (mais de 802 mil casos), a Ásia mais de sete mil mortos (mais de 166 mil casos), o Médio Oriente mais de 5.600 mortos (mais de 129 mil casos), a América Latina e Caribe mais de cinco mil mortos (mais de 104 mil casos), África 1.124 mortos (quase 22 mil casos) e a Oceânia com 90 mortos (mais de sete mil casos).

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram, entretanto, a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos, como Dinamarca, Áustria, Espanha ou Alemanha, a aliviar algumas das medidas.

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