Líderes africanos pedem estratégia continental concertada contra a pandemia
A União Africana e outras instituições multilaterais africanas defenderam hoje a necessidade de os governos adoptarem uma estratégia concertada para lidar com a pandemia da covid-19, rejeitando políticas proteccionistas e limitações políticas ao comércio.
A União Africana, o Banco de Exportações e Importações Africanas (Afreximbank), a Comissão Económica das Nações Unidas para África e a Iniciativa Afrochampions juntaram-se para defender que, “para além das iniciativas em curso, como a criação do Fundo da União Africana para a Resposta à covid-19, os membros da União Africana e as instituições, incluindo os centros de pesquisa, as instituições financeiras, as empresas e o mundo académico devem envolver-se numa resposta comercial e de investimentos de forma colaborativa e coordenada”.
Numa nota colocada no site destas entidades, os responsáveis defendem que a resposta à pandemia deve sustentar-se nos esforços já feitos no âmbito do acordo de comércio livre em África (AfCFTA) para suportar uma ferramenta para o desenvolvimento de valor e cadeias de abastecimento internas, regionais e continentais”.
Para estas instituições, “existe uma necessidade de uma resposta política, económica e comercial sem precedentes, para garantir que os piores impactos da pandemia são mitigados, e para colocar África numa posição de reestruturação económica a seguir à pandemia”.
Na nota, são lembradas as projecções económicas sobre o impacto da pandemia em África, que pode originar uma queda de 32% no comércio mundial, e uma queda de pelo menos 1% no PIB mundial, o que significa 1 bilião de dólares em receita perdida.
No caso de África, “a situação pode ser ainda pior, com uma queda do PIB estimada pela UNECA entre 1,8% e 3,2%, que pode ser ainda pior se a pandemia da covid-19 não for contida a curto prazo”.
Estes números, concluem os responsáveis, “não são apenas estatísticas; com o fecho das fronteiras e as restrições ao movimento de pessoas e bens, a pandemia origina perdas humanas reais, perturbando as actividades essenciais do comércio e da economia, com milhões de perdas atribuíveis à crise e com os governos sob pressão para gizarem uma estratégia de mitigação, do género que o mundo nunca viu desde a Segunda Guerra Mundial”.