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Hospital de Santa Cruz realiza com sucesso duplo transplante de coração e rim

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O Hospital de Santa Cruz realizou um duplo transplante de coração e rim a um doente de 39 anos que está “estável e em recuperação”, um caso de sucesso no SNS, anunciou hoje o secretário de Estado da Saúde.

“Felizmente todos os dias há boas notícias também no Serviço Nacional de Saúde para além da covid-19”, disse hoje António Lacerda Sales na conferência de imprensa diária de atualização dos dados da pandemia de covid-19.

O governante deu como exemplo o caso de um doente que saiu dos cuidados intensivos depois de “quadros complexos” e que foi operado no Hospital de Santa Cruz, unidade que pertence ao Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (CHLO), que integra ainda os hospitais Egas Moniz e São Francisco Xavier.

“Soubemos que o Hospital de Santa Cruz realizou com sucesso um duplo transplante de coração e rim a um doente que está estável e em recuperação. São notícias que nos devem deixar orgulhosos com confiança nos nossos profissionais de saúde e do nosso Serviço Nacional de Saúde”, salientou.

Em declarações à agência Lusa, o diretor do Serviço de Cirurgia Cardiotorácica do CHLO, José Pedro Neves, afirmou que o doente “já estava há muitos meses à espera de coração, com uma doença arrastada e que estava nos cuidados intensivos há três meses ou mais”.

Como o coração não funcionava, o rim também deixou de funcionar e o doente precisou de fazer também um transplante renal.

“O doente foi operado no domingo de Páscoa”, disse o especialista, precisando que a operação do coração ocorreu na parte da manhã e o rim foi transplantado à tarde e “as coisas correram bem”.

Segundo José Pedro Neves, o doente ainda permanece internado no Hospital de Santa Cruz em recuperação da intervenção, considerada complexa e relativamente rara.

“O transplante de coração e rim não é frequente, mas já temos três casos desses. Há outros hospitais que também têm casos semelhantes, portanto não é uma novidade, mas, a meu ver, é relativamente raro”, sublinhou.

Segundo o CHLO, esta intervenção ilustra o trabalho integrado em equipa multidisciplinar num centro que é referência tanto para o transplante de coração como de rim e “demonstra que é possível continuar atividades nobres da medicina em plena ameaça à saúde pública mundial”.

“Inicialmente, principalmente há um mês ou dois, pensávamos que isto era impossível, porque ia haver um desastre nacional, afinal as coisas estão mal, mas não estão assim tão mal, têm estado mais ou menos controladas”, disse o cirurgião à Lusa.

Neste tempo de pandemia, “só houve este transplante, mas há outros serviços que também já fizeram outros tipos de transplantes. Portanto, é uma atividade que está um pouco reduzida, mas não parou”, salientou.

José Pedro Neves explicou que o Hospital de Santa Cruz está preparado para receber doentes com e sem covid-19, uma vez que tem circuitos preparados.

Pelas diretivas internas do CHLO, os doentes que têm covid-19 são preferencialmente internados no Hospital São Francisco Xavier, estando os hospitais Egas Moniz e Santa Cruz “relativamente poupados, mas têm enfermarias preparadas para os receber.

“Por exemplo, se nós tivermos um doente de coração que seja operado ao coração com covid-19 não deixa de ser operado, embora ainda não tenha acontecido”, contou o cirurgião.

Exemplificou ainda que o hospital tem “um centro de hemodiálise muito grande e que recebe praticamente todos os dias doentes com covid-19”.

“Vêm cá fazer diálise e depois vão embora, portanto eu diria que é um hospital poupado ao covid-19, mas não é um hospital sem doentes covid-19”, sustentou José Pedro Neves.

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