TAP convicta de que na retoma vai estar pronta para aproveitar as oportunidades
O presidente executivo da TAP, Antonoaldo Neves, manifestou-se hoje convicto de que a companhia vai sair da crise que a covid-19 provocou e que a transportadora “vai estar pronta” para aproveitar as oportunidades que o mercado apresentar.
Numa mensagem vídeo enviada aos trabalhadores, a que a Lusa teve acesso, o CEO começa por lembrar que o mundo vive hoje “um momento de crise económica”, situação que levará a TAP a viver em abril “um momento totalmente diferente na história inteira da vida” da companhia.
“A TAP vai parar”, afirma Antonoaldo Neves, referindo que a companhia vai agora apenas “dedicar todos os esforços” a “assegurar a continuidade territorial de Portugal”, oferendo voos para as ilhas, e a fazer voos pontuais para ir buscar portugueses e de carga humanitária.
“Hoje a TAP tem condições e força para enfrentar esta situação desafiante que temos vivido. Tanto do lado dos acionistas, como dos fornecedores, dos colaboradores, dos clientes, temos recebido de todos o apoio, a confiança e a confirmação de que estão todos aqui prontos para poder apoiar a TAP no que for preciso para que a TAP continue viva e sustentável, protegendo o emprego de todos os trabalhadores”, acrescenta.
Agradecendo aos trabalhadores o espírito de missão que demonstram num tempo de incerteza como o que se vive, Antonoaldo Neves considera que importante é, também, “manter a crença”, que diz que a gestão e acionistas têm, bem como “a confiança de que a TAP vai voltar a voar”.
“Nós temos convicção de que vamos sair desta crise e que vai haver uma retoma e que a TAP vai estar pronta para aproveitar toda a oportunidade que o mercado colocar para nós”, adianta na mensagem de vídeo.
Já a Comissão de Trabalhadores (CT) da TAP reforçou hoje o apelo para que a transportadora “se torne 100% pública”, depois de a empresa ter anunciado o ‘lay-off’ (que permite a redução temporária do período normal de trabalho ou a suspensão de contrato de trabalho) da maioria dos trabalhadores.
Num documento, a que a Lusa teve acesso, a CT entende que “estas medidas são gravosas para os trabalhadores sob vários aspetos” e, por isso, não pode “concordar com as mesmas”, questionando se “são necessárias”, uma vez que “o caminho pode ser outro assim haja vontade”.
A TAP vai avançar com um processo de ‘lay-off’ para 90% dos trabalhadores e com a redução do período normal de trabalho em 20% para os restantes colaboradores, para fazer face aos efeitos da pandemia de covid-19.
O grupo determinou “a suspensão temporária da prestação do trabalho para cerca de 90% dos colaboradores” e “uma redução do período normal de trabalho, em 20%, para os restantes 10% dos colaboradores”, que inviabiliza quase toda a operação da transportadora aérea, lê-se numa missiva a que a Lusa teve acesso na terça-feira
“As condições remuneratórias definidas contemplam o pagamento de dois terços das remunerações fixas mensais para os colaboradores em suspensão temporária da prestação do trabalho e o pagamento de 80% da remuneração fixa mensal para os colaboradores em redução de horário de trabalho, porque estes continuam a trabalhar para assegurar a retoma”, indicou a TAP, sendo que estas medidas entram em vigor na quinta-feira por um período de 30 dias, que pode vir a ser alargado.
Hoje, a CT reconheceu que a “situação criada pela covid-19, tornando praticamente impossível a atividade no setor da aviação, veio obrigar a administração da TAP a tomar medidas para garantir a sua sustentabilidade e continuidade, medidas essas legalmente permitidas de acordo com legislação especialmente criada para o efeito, acordadas com o Governo e, já divulgadas aos trabalhadores” na terça-feira.
Neste contexto, e discordando das medidas, a CT exige que “o Governo assuma as suas responsabilidades para com a companhia de bandeira, garante da continuidade territorial e da soberania e economia nacionais, nacionalizando-a e garantindo todos os postos de trabalho, assim como todas as remunerações”.
A TAP é detida em 50% pelo Estado, através da Parpública, em 45% pelo consórcio privado Atlantic Gateway e em 5% pelos trabalhadores.