Medeia Filmes homenageia Filipe Duarte com programação em ‘streaming’
O actor Filipe Duarte, que morreu hoje, aos 46 anos, é homenageado com uma programação de cinema, em ‘streaming’ gratuito, no ‘site’ da exibidora Medeia, a decorrer até às 24 horas do próximo domingo, anunciou a produtora Leopardo Filmes.
Serão exibidos os filmes “A Outra Margem” (2007), de Luís Filipe Rocha, que valeu a Filipe Duarte o prémio de Melhor Actor, no Festival des Films du Monde, em Montreal, no Canadá, “Entre os Dedos” (2008), de Tiago Guedes e Frederico Serra, com o qual recebeu o Prémio de Melhor Ator no Festival de Cartagena, na Colombia, e um Globo de Ouro SIC/Caras, e ainda “Só por Acaso” (2003), de Rita Nunes, uma produção televisiva, vencedora do Prix Europa no Festival Berlim, em 2004.
A homenagem da exibidora e da produtora de Paulo Branco, com quem Filipe Duarte trabalhou em vários filmes, “visa um actor com um talento enorme”.
O comunicado divulgado recorda alguns desses projectos, como o mais recente, estreado no início de março, “Mosquito” (2020), de João Nuno Pinto, “Esta Noite” (2008), de Werner Schroeter, “Coisa Ruim” (2006), de Tiago Guedes e Frederico Serra, e “O Milagre Segundo Salomé” (2004), de Mário Barroso.
“Recebi dele a mais bela oferta que um actor me pode fazer: dar vida ao ser imaginário que é a personagem com a sua própria vida humana”, disse o realizador Luís Filipe Rocha, citado pelo comunicado.
“Não são muitos os actores que o conseguem fazer, por isso a memória dos que o fazem é a que mais perdura em mim ao longo dos anos”, prossegue a citação do realizador que trabalhou com Filipe Duarte em “A Outra Margem” e “Cinzento e Negro” (2015).
“Filipe Duarte era também, como todos os que com ele trabalharam, todos os que com ele se cruzaram testemunham, excepcional na sua generosidade, na sua solidariedade, na sua integridade. Um amigo, sempre com um sorriso largo no olhar”, conclui o cineasta.
A produtora Leopardo Filmes, que recorda o trabalho de Filipe Duarte com Paulo Branco desde 2003, cita o poeta Herberto Helder, na recordação do actor: “Li algures que os gregos antigos não escreviam necrológios, quando alguém morria perguntavam apenas: tinha paixão?” O “sim” resulta do percurso exposto.
“A Outra Margem”, “Entre os Dedos” e “Só por Acaso” já estão disponíveis no ‘site’ da exibidora do grupo de Paulo Branco.
Filipe Duarte morreu durante a madrugada de hoje na sua residência em Cascais.
O actor faz parte do elenco da telenovela “Amor de Mãe”, da brasileira Tv Globo, exibida, actualmente em exibição na SIC.
Nascido em Angola, Filipe Duarte estreou-se nos palcos com a Companhia Teatral do Castelo e com o Teatro da Garagem, na década de 1990, em Lisboa, passou ainda pelas companhias Teatro Meridional e Teatro do Vestido.
A sua carreira centrou-se porém no cinema e na televisão.
“A febre do ouro negro” (2001), A Ferreirinha” (2004), “Equador” (2008) e “Belmonte” (2013) foram algumas das séries televisivas em que participou.
No cinema, entrou em mais de trinta filmes, entre curtas-metragens, telefilmes e longas-metragens, entre comédia, drama e romance, trabalhando com cineastas como Luís Filipe Rocha, António-Pedro Vasconcelos, Manuel Mozos, Margarida Cardoso, Tiago Guedes e Vítor Gonçalves.
Além dos filmes programados pela produtora Medeia, destaca-se a participação de Filipe Duarte em “A Costa dos Murmúrios” (2004), de Margarida Cardoso, ao lado de Beatriz Batarda, em “Variações” (2019), de João Maia, no qual interpretou a figura de Fernando Ataíde, um dos sócios fundadores da discoteca Trumps, em Lisboa, ex-namorado do cantor António Variações, e “A Vida Invisível” (2015), de Vítor Gonçalves, pelo qual foi distinguido como melhor actor, nos Globos de Ouro.
O mais recente projecto no cinema seria “Nothing ever happened”, de Gonçalo Galvão Teles, ainda inédito.