A carta
Rui Rio escreveu uma carta aos militantes do PSD exortando-os a não criticar o governo em face da atual pandemia, justificando o apelo com a necessidade de os militantes adotarem “uma postura eticamente correta e acima de tudo patriótica”. Falando de ética e patriotismo recuemos à anterior crise que o governo PSD-CDS teve de enfrentar para retirar Portugal da bancarrota, fruto da governação desastrosa de Sócrates e do PS, agravada pela crise dos mercados. Para obter o necessário financiamento foi assinado um acordo com a Troika através do qual o País foi obrigado a cumprir uma série de condições que nos trouxeram a austeridade. Enquanto o governo de coligação em funções, e porque não havia alternativa, cumpria as exigentes obrigações decorrentes do acordo, sempre fiscalizado de perto pelos representantes dos nossos credores, qual foi a ética e o patriotismo do atual Primeiro Ministro (PM) e do PS? Críticas constantes ao governo sem ética para assumir as responsabilidades dos governos PS na situação catastrófica em que o País caíra, a falta de patriotismo em protestos fúteis contra a União Europeia que nos poderiam prejudicar, em coro com Tsipras cujo governo foi obrigado a aceitar para a Grécia condições impostas pela Troika ainda mais gravosas do que as enfrentadas pelos portugueses. Foram os portugueses com os seus sacrifícios, as nossas empresas com as suas exportações, as remessas dos emigrantes e o governo PSD-CDS que conseguiram recuperar o País financeira e economicamente, ver-se livres da Troika e regressar com êxito ao mercado da dívida pública e criar as condições para as melhorias que se seguiram. E qual foi a postura ética e patriótica durante essa crise do atual PM e do PS? Apenas e só tentativas de desresponsabilização e aproveitamento político soez das difíceis condições que o País teve de enfrentar. As críticas não impedem o governo de cumprir as suas obrigações e fazer o que está certo na atual crise, assim como não impediram na anterior.
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