Relatório revela numerosas mortes em lares de idosos em Nova Iorque
No Estado de Nova Iorque, em cada um de 19 lares de idosos morreram pelo menos 20 doentes devido à pandemia de covid-19, segundo um relatório oficial hoje divulgado.
O desespero causado pelo novo coronavírus nos lares de idosos ficou bem patente num relatório do Estado de Nova Iorque que hoje identificou numerosas instalações onde morreram centenas de doentes, nas últimas semanas.
Num lar no bairro de Brooklin, na cidade de Nova Iorque, morreram 55 pessoas e em quatro lares dos bairros de Bronx, Queens e Staten Island foram registadas outras 40 mortes.
A divulgação do relatório oficial ocorre dias depois de várias reportagens nos meios de comunicação social norte-americanos em que se relatavam episódios de empilhamento de caixões, à espera de serem retirados os corpos das vítimas, enquanto as famílias lutavam por ter informações sobre os seus entes queridos que ficaram em isolamento.
O Estado de Connecticut tinha revelado um relatório semelhante, na quinta-feira, em que identificava oito lares de repouso com pelo menos 10 mortes em cada um.
Até terça-feira, 2.447 doentes em lares de idosos morreram por causa do novo coronavírus, em Nova Iorque, segundo dados das autoridades estaduais, o que equivale a cerca de uma em cada cinco mortes pelo vírus, nesse Estado.
Até esta semana, as autoridades de vários Estados tinham-se recusado a identificar lares de idosos com surtos de mortalidade, alegando o direito à privacidade das famílias das vítimas.
Alguns administradores destes estabelecimentos também se recusaram divulgar informações, levando o governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, a dizer esta semana que o Estado vai começar a exigir aos lares que informe as famílias dos pacientes, sempre que um residente seja contaminado.
“Têm sido momentos muito difíceis, sempre que os funcionários perdem os residentes de quem cuidam todos os dias”, disse Vincent Maniscalco, vice-presidente de um centro de enfermagem e reabilitação de idosos, em Montgomery, no estado de Nova Iorque.
Os lares de idosos rapidamente se tornaram um foco de infeções e de elevada letalidade, na pandemia de covid-19.
Um lar no Estado de Washington, na costa oeste dos EUA, um dos primeiros focos da pandemia nos Estados Unidos, perdeu 43 residentes, logo na fase inicial da crise sanitária.
Em meados de março, as autoridades federais proibiram os visitantes nos lares e interromperam as atividades de grupo, obrigando a triagem obrigatória dos trabalhadores que revelassem sintomas.
Nos Estados Unidos, há mais de 650.000 casos confirmados de contaminação e já morreram mais de 30.000 pessoas.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 145 mil mortos e infetou mais de 2,1 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 465 mil doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa quatro mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos, como Dinamarca, Áustria ou Espanha, a aliviar algumas das medidas.