“Life Dunas”
Li e reli a reportagem do D.N. na sua edição de 2020/04/13, relativa ao título em epígrafe, para que, do alto da minha ignorância, pudesse expressar o que penso a respeito,sem a pretensão de discutir ou pôr em causa conhecimentos científicos que não domino. Baseio-me, apenas, no que fui vendo ao longo do tempo e no que me foi dado saber por parte de pessoas que,não tendo qualquer formação académica, tinham por aprendizagem a Universidade da experiência vivida. Esses “velhos”, alguns “velhos lobos do mar” conheciam como ninguém os segredos do mar . Quiseram,a troco de nada, sem projectos muito bem arquitectados, fazer valer a sua modesta (mas valiosa) opinião aquando da construção do Porto de Abrigo de Porto Santo. Achavam que a embocadura do porto teria de ser do lado oposto, que o projecto estava feito ao contrário; que a obra realizada dessa forma daria muito mau resultado, difícil de emendar e a curto prazo. Estavam certos.??!! Quando o vento sopra de Sul ou Sudoeste, não há barco que consiga atracar. Onde é depositada a areia que “sai”da praia?
O “Life Dunas”contempla a restauração do cordão dunar,que danificámos quando permitimos que as “casas das lanchas” se transformassem em chalés de férias de Verão, quando permitimos grandes construções em cima das dunas,quando destruímos dunas para facilitar acessos particulares ao areal...
Pretende-se (re)introduzir o cultivo de vinhas e construir muros de “crochê “, depois de as termos arrancado e substituído por cimento armado. De Leste a Oeste, todos os terrenos anexos ao cordão dunar, na Orla Marítima, eram cultivados.
É fácil comprovar tudo isto. Basta consultar as fotografias da época, de um Porto Santo antigamente. Sempre em busca do lucro fácil, em nome de um progresso que se revelou pouco consistente, adulterámos o que de melhor a Natureza nos ofereceu e os nossos antepassados tão bem souberam preservar.
Iremos a tempo de reparar tantos atropelos cometidos reiteradamente??? Tenho sérias dúvidas. Recuso-me, porém, a acreditar que os filhos, ou netos dos meus filhos, não tenham a oportunidade de usufruir de uma realidade melhor, num meio onde os “predadores”do ambiente ficaram no passado.
Com ou sem a intervenção de “Life Dunas”.
Madalena Castro