Insolvências em Portugal sobem 4% com potencial impacto de mais de 5.100 empregos
O número de empresas insolventes em Portugal aumentou 4% no primeiro trimestre face a igual período do ano passado, totalizando 658, com potencial impacto de mais de 5.100 postos de trabalho, segundo dados hoje divulgados pela seguradora Cosec.
“De acordo os dados do último balanço disponibilizado pelas empresas, observou-se no processo de insolvência um potencial impacto de mais de 5.100 postos de trabalho, um volume de negócios superior a 295 milhões de euros”, lê-se na informação hoje divulgada pela Cosec em comunicado.
A seguradora acrescenta que cerca de 68% do número de postos de trabalho em risco estão concentrados nas micro e nas pequenas empresas, tendência também observada no que toca ao valor de créditos a fornecedores (84%), “o que reflete o peso destas empresas no total das empresas insolventes, e a sua maior vulnerabilidade face aos desafios do panorama económico atual”.
Nos primeiros três meses deste ano, as microempresas continuam a representar a maioria dos casos de insolvências (65%), uma tendência que, segundo a Cosec, se mantém desde 2009.
Embora com um ligeiro decréscimo (de 23% no primeiro trimestre de 2019 para 21% para o mesmo período deste ano), também o setor dos serviços continua a liderar em número de insolvências, com 136 empresas.
Seguem-se o setor do retalho (15,3%), com um total de 101 empresas insolventes, e o setor da construção (14,9%), com 98.
Na categoria de Empresário em Nome Individual (ENI) registaram-se, nos primeiros três meses deste ano, 95 insolvências.
Em termos geográficos, a Cosec refere que os resultados das insolvências se mantiveram face ao primeiro trimestre do ano passado: o Porto apresenta o maior número (23,4%, contra 28,5% no primeiro trimestre de 2019), seguido de Lisboa (18,5%, contra 18,1%) e do distrito de Braga (13,4%, contra 12,2%).
Já os distritos de Beja, Portalegre e Évora continuaram a registar o menor número de insolvências, com um total de 16 casos registados.
No primeiro trimestre deste ano, foram criadas em Portugal 11.939 empresas, o que representa um decréscimo de 25% em relação ao primeiro trimestre do ano passado.
“Continuaram na liderança os setores dos serviços (2.976 empresas), construção (1.398) e retalho (1.366). Lisboa (3.931 empresas), Porto (2.201), Setúbal (896) e Braga (874) mantiveram-se como os distritos onde se registaram um maior número de novas empresas”, segundo a informação divulgada pela Cosec.
No período em análise, os pedidos de Processo Especial de Revitalização (PER) diminuíram 20% (foram 102, contra os 127 registados nos primeiros três meses de 2019) e 40% foram solicitados por micro ou pequenas empresas.
Os setores que registaram o maior número de pedidos de acesso a este mecanismo foram os serviços (15 empresas), a alimentação (14) e a construção (13).
A nível global, a Euler Hermes, acionista da Cosec, estima um aumento de 14% das insolvências em todo o mundo este ano.
“Se já se antecipava uma desaceleração económica internacional, embora em muito menor escala, a epidemia de Covid-19 reforçou tendência”, afirma a Cosec.
A seguradora afirma que, “apesar das intervenções dos governos para apoiar empresas [...], que deverão ajudar a limitar os danos, o atual contexto de bloqueio da economia poderá levar à falência cerca de 7% das PME [pequenas e médias empresas] e ‘midcaps’ da zona euro -- cerca de 13 mil negócios”.
Assim, continua, “10% do total de empresas em risco estão em França, perto de 9% na Alemanha, 8% na Bélgica, 6% em Espanha e 5% em Itália”.
A Euler Hermes estima que as insolvências vão aumentar principalmente em Itália (+18%), Espanha (+17%) e Holanda (+21%) e os setores que correm “maior risco” são a construção, o setor agroalimentar e o dos serviços.
“Consequentemente, esta pausa na atividade económica coloca 65 milhões de empregos em risco ou a precisarem de apoio dos governos”, conclui.