Cerca de 70 mil empresas pediram para aderir a ‘lay-off’ até 3.ª-feira
Cerca de 70 mil empresas apresentaram, até terça-feira, o requerimento para acesso ao ‘lay-off’ simplificado, com um universo de cerca de um milhão de trabalhadores, disse o ministro da Economia, ressalvando que nem todos os funcionários são abrangidos.
“Ontem [terça-feira] eram cerca de 70 mil as empresas que tinham feito requerimentos para aderirem ao ‘lay-off’ e o conjunto dessas empresas tem nos seus quadros de pessoal quase um milhão de trabalhadores”, respondeu Pedro Siza Vieira, durante o programa Grande Entrevista, na RTP3, na quarta-feira, quando questionado sobre quantas empresas tinham pedido para aderir a esta medida.
Apesar de considerar que este número “é uma coisa bastante significativa”, o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital ressalvou que “não quer dizer que estes trabalhadores estejam todos” em ‘lay-off’ (que consiste na redução temporária dos períodos normais de trabalho ou suspensão dos contratos de trabalho efetuada por iniciativa das empresas, durante um determinado tempo).
O governante explicou que há empresas que “colocaram os trabalhadores em ‘lay-off’ parcial”, enquanto outras “só meteram uma parte da força de trabalho” neste regime.
Pedro Siza Vieira considerou, no entanto, que “é bom” se o número de funcionários em ‘lay-off’ chegar a um milhão, uma vez que “a alternativa” poderia ser de “500 mil trabalhadores” desempregados.
Sobre a previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI), que estima uma recessão de 8,0% da economia portuguesa e uma taxa de desemprego de 13,9% em 2020, na sequência da pandemia, o ministro referiu que “o FMI, quando faz a sua estimativa de desemprego, não está a contar com o nosso mecanismo de ‘lay-off’ (...)”.
“Basicamente, o que eles pensam é o seguinte: isto vai afetar um grande número de empresas que vão ficar com muito menos receitas. E, normalmente, quando as empresas se veem nessa situação têm de despedir trabalhadores”, explicou o ministro.
Pedro Siza Viera sublinhou que “esta almofada, este balão de oxigénio para proteger o emprego que é o ‘lay-off’ simplificado” significa que “muitos trabalhadores que provavelmente já estariam no desemprego ainda estão” em regime de ‘lay-off’.
“Se tivermos uma saída boa da crise, provavelmente, estes trabalhadores vão manter os postos de trabalho”, prosseguiu o governante, acrescentando que “o desemprego poderá não chegar” ao valor previsto pelo FMI.
O ministro advertiu para a necessidade de “criar as condições para preservar a capacidade produtiva das empresas e proteger o emprego” em Portugal.
“Tenho a noção de que isso não é só crítico para o nosso futuro coletivo, para a maneira como vamos sair desta crise. Sei que o desemprego causa miséria e sofrimento”, observou.
Questionado ainda sobre se o Governo já apontou uma semana específica para a reabertura de atividade que, atualmente, se encontra encerrada, Siza Vieira não se comprometeu com uma data, sublinhando que, primeiro, é necessário criar condições para um novo quotidiano.
“Temos de criar condições para que, quando voltemos a sair, a trabalhar, a consumir, estejamos protegidos”, advogou o ministro, elencando que nessa decisão vai pesar o aumento do número de camas em hospitais, de ventiladores, do reforço de profissionais de saúde e da adaptação dos serviços utilizados pela população.
“Vamos ter de andar em transportes públicos, temos de ter os transportes públicos preparados para um distanciamento social. Vamos ter de ter empresas e locais de trabalho onde as superfícies sejam desinfetadas com mais frequência do que atualmente são, onde haja espaçamento entre os trabalhadores, onde se não houver espaçamento haja equipamento de proteção [individual] para assegurar que as coisas funcionam”, exemplificou o governante.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 131 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 436 mil doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 599 pessoas das 18.091 registadas como infetadas.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa quatro mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.