Isolamento físico “é quase impossível” nos países pobres
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu hoje que o isolamento físico “é quase impossível” nos países pobres atingidos pela pandemia da covid-29 e apelou aos seus governos para que sejam cautelosos na imposição de contenção.
As autoridades “devem considerar que, em alguns países e comunidades, as ordens de ficar em casa podem não ser práticas, podendo mesmo causar danos involuntários”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus na sua reunião semanal com as missões diplomáticas internacionais em Genebra para discutir a resposta global à covid-19.
“Milhões de pessoas em todo o mundo têm de trabalhar todos os dias para pôr um prato na mesa e não podem ficar em casa durante muito tempo sem assistência”, afirmou, manifestando preocupação com a violência que se regista em várias partes do mundo devido às restrições.
Tedros Adhanom Ghebreyesus acrescentou que a pandemia privou muitas crianças do acesso às escolas, que são frequentemente a sua principal fonte de alimentação e de cuidados de saúde, além de colocar “algumas em maior risco de abuso”.
O chefe da OMS disse aos diplomatas que, com quase dois milhões de casos a nível mundial e mais de 123.000 mortes, o aumento do número de vítimas continua a ser “trágico e alarmante”, embora alguns dos países mais afetados estejam a dar sinais encorajadores de que a doença está a recuar.
Isto levou muitos governos a considerar o levantamento das restrições sociais e económicas impostas para travar a pandemia, “algo que todos queremos, mas que deve ser feito com cuidado”, alertou o especialista etíope.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 137 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 450 mil doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa quatro mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
Os Estados Unidos são o país com mais mortos (30.985) e mais casos de infeção confirmados (639 mil).
Seguem-se Itália (21.645 mortos, em 165.155 casos), Espanha (19.130 mortos, 182.816 casos), França (17.167 mortos, 147.863 casos) e Reino Unido (12.868 mortos, 98.476 casos).
Por regiões, a Europa somava hoje 90.181 mortos (mais de um milhão de casos), Estados Unidos e Canadá 32.039 mortos (667.870 casos), a Ásia 5.369 mortos (151.423 casos), o Médio Oriente 5.253 mortos (112.377 casos), a América Latina e Caribe 3.669 mortos (79.862 casos), a África 910 mortos (17.293 casos) e a Oceânia 79 mortos (7.694 casos).