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Madeira

Professores preocupados com desigualdades provocadas pelo ensino à distância

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Os professores da Região Autónoma da Madeira mostram-se preocupados com as desigualdades provocadas pelo ensino à distância. Esta é uma das conclusões de um inquérito realizado pelo Sindicato dos Professores da Madeira (SPM), entre os dias 27 de Março e 10 de Abril, denominado ‘Dificuldades do ensino/educação à distância, em tempo de isolamento social’, que contou com uma participação bastante alargada dos seus associados.

Com este inquérito que obteve 924 respostas, o SPM quis saber quais as dificuldades sentidas pelos docentes nas últimas semanas do 2.º período e, assim, analisar as condições em que um ensino/uma educação não presencial poderia acontecer durante os próximos meses.

“Os dados recolhidos permitem-nos, desde logo, concluir sobre uma grande consciência social dos docentes da RAM, que revelam uma grande preocupação com as desigualdades que o ensino à distância torna mais evidentes e a sua disponibilidade para trabalharem no sentido de colmatar essas desigualdades”, refere o SPM através de comunicado, salientando que é notória a “grande capacidade de adaptação dos docentes à nova situação e aos desafios que a mesma trouxe à relação pedagógica com os alunos”, uma vez que a grande maioria dos docentes conseguiu encontrar uma “forma” de manter o contacto com os seus alunos ou crianças, no período de isolamento, usando “diferentes tipos de canais de contacto”, nomeadamente telefone, email, redes sociais, plataformas digitais e videoconferências.

Quanto às metodologias usadas, este inquérito permitiu concluir que os docentes “procuraram encontrar aquelas que melhor se adequassem aos seus discentes, dentro das que poderiam ser operacionalizadas à distância, sendo as fichas de trabalho o material didáctico mais utilizado”, revela o SPM que louva a capacidade de adaptação dos docentes que usam os seus próprios meios tecnológicos (cerca de 86,9%), que em alguns casos não são os ideais e, num ou noutro caso, inexistentes.

Contudo, foram desenvolvidas estratégias, de forma a manter viva a ligação com os alunos e as crianças, em regime de teletrabalho obrigatório, de acordo o Estado de Emergência imposto, a bem da saúde pública.

Este inquérito pretendia também “aferir a forma como haviam decorrido as reuniões de avaliação do 2.º período” e permitiu destacar aa “grande capacidade de adaptação por parte dos docentes e das escolas àquilo que, longe de ser o ideal, foi o possível”. A videoconferência foi a forma mais usada para efectuar as reuniões, mas outros meios tecnológicos disponíveis a partir do telemóvel foram também utilizados, indica o inquérito.

Tendo em conta os resultados deste inquérito, o Sindicato dos Professores da Madeira considera que é seu dever alertar a Secretaria Regional de Educação, Ciência e Tecnologia para a necessidade premente de:

• “Disponibilizar, quer aos alunos quer aos docentes que deles precisam, o material tecnológico que, neste momento, não está a ser utilizado nas escolas;

• Desenvolver esforços para disponibilizar aos alunos e aos docentes que deles careçam dados móveis suficientes para o ensino/a educação à distância sem restrições de tráfego electrónico;

• Facultar apoio técnico contínuo e directo (telefónico) durante o horário de funcionamento das actividades lectivas;

• Responsabilizar-se pelo cumprimento de todos os procedimentos que garantam a segurança dos utilizadores e a confidencialidade dos seus dados, devendo, para tal, validar as plataformas a utilizar;

• Dar a conhecer, com antecedência, os conteúdos programáticos que serão tratados em cada uma das aulas a transmitir pela RTP-Madeira e exigir que o Ministério da Educação faça o mesmo a respeito das aulas a transmitir a nível nacional. Só dessa forma será possível aos docentes incluírem esses conteúdos nas suas planificações, a fim de aproveitarem o potencial didático-pedagógico dessas aulas;

• Definir claramente orientações que, até ao 10.º ano de escolaridade, privilegiem o reforço dos conteúdos trabalhados até ao dia 13 de Março e, em relação aos 11.º e 12.º anos, garantam, rapidamente, condições de trabalho idênticas para todos os alunos, para que nenhum possa ser penalizado a nível da avaliação externa;

• Desenvolver esforços junto do Ministério da Educação para que os exames do secundário tenham em conta a forma atípica do funcionamento das aulas desde o dia 16 de Março;

• Exigir que as escolas do ensino privado, cooperativo ou das IPSS respeitem os direitos dos seus trabalhadores, dado que o Governo regional já assumiu o apoio financeiro às mesmas;

• Garantir que um eventual regresso às aulas presenciais se faça, só, no caso de estarem garantidas, pelos especialistas, as condições de segurança sanitárias que não ponham em causa o excelente trabalho de combate à pandemia na RAM”.

O SPM garante que continua na luta pelo respeito dos direitos dos docentes e pelo acesso de todos os alunos às mesmas condições de aprendizagem. No entanto, os desafios que são impostos à educação na RAM “exigem os esforços de todos na procura das melhores soluções para a educação regional no contexto actual” e o SPM assume-se como “parceiro da SRECT e não adversário, na procura das melhores soluções para os desafios que o actual contexto pandémico nos coloca”.

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