Reino Unido determinado em não prolongar período de transição do Brexit
O governo britânico não pretende prolongar o período de transição após o ‘Brexit’, que termina no final de 2020, afirmou hoje o negociador chefe britânico, David Frost.
“Quero reiterar que a posição do governo sobre o período transição criado após a nossa saúda da UE [União Europeia]. A transição termina a 31 de dezembro deste ano. Não vamos pedir uma extensão. Se a UE pedir, nós vamos dizer não”, afirmou hoje na rede social Twitter.
Uma extensão, argumentou, “iria simplesmente prolongar negociações, criar ainda mais incerteza, deixar-nos sujeitos a pagar mais à UE no futuro, e mantermo-nos limitados pelas leis em evolução numa altura em que precisamos de controlar os nossos assuntos”.
Frost e o seu homólogo europeu, Michel Barnier, falaram na quarta-feira e chegaram hoje a acordo sobre um novo calendário para retomar as negociações sobre a futura relação após o ‘Brexit’, que foram suspensas devido à pandemia covid-19.
A primeira de três rondas de negociações, a realizar por videoconferência e que vão durar uma semana, começa esta segunda-feira, a segunda em 11 de maio e uma final em 01 de junho.
Esta última servirá também para fazer o balanço dos progressos realizados, que as duas partes querem que sejam “reais e tangíveis”.
A intervenção de Frost confirma as declarações de hoje do porta-voz do primeiro-ministro, Boris Johnson, no mesmo sentido, e surgem após a presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI) ter defendido uma extensão do processo.
“Eu realmente espero que os responsáveis políticos por todo o mundo estejam a pensar [em reduzir a incerteza]. Já é difícil assim, vamos tentar não tornar as coisas mais difíceis”, disse Kristalina Georgieva à BBC.
A crise económica provocada pela pandemia de covid-19 fez surgir a especulação de que o Reino Unido teria interesse em prolongar as negociações para um novo acordo para reduzir o impacto do fim do acesso ao mercado único.
O prazo para pedir extensão do período de transição é 31 de junho.
A primeira ronda das negociações sobre o futuro relacionamento entre o Reino Unido e a UE, na sequência da saída do país formalizada a 31 de janeiro, decorreu em Bruxelas entre 02 e 05 de março e a segunda ronda estava prevista para se realizar em Londres entre 18 e 20 de março, mas tal não aconteceu devido à pandemia da covid-19.
Tanto Michel Barnier como David Frost sofreram de sintomas e depois foram impostas restrições de viagem na UE e Reino Unido, levando ao cancelamento das reuniões, que deveriam realizar-se alternadamente entre as duas cidades, envolvendo dezenas de pessoas em cada equipa embora, entretanto, tenham sido mantidos contactos e trocados documentos.