Partidos cabo-verdianos divergem sobre alargamento de estado de emergência
Os três partidos com assento parlamentar em Cabo Verde manifestaram posições diferentes sobre o alargamento do estado de emergência no país para conter a propagação da pandemia provocada pelo novo coronavírus.
As posições foram expressas à imprensa por representantes partidários, após encontros e conversas telefónicas com o Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, sobre o eventual alargamento do estado de emergência, em vigor no país desde 29 de março.
O último partido a ser auscultado pelo Presidente cabo-verdiano foi o Movimento para a Democracia (MpD, no poder), com a secretária-geral desse partido, Filomena Delgado, a ser a única a defender a renovação do alargamento a todas as ilhas.
“O MpD é favorável à renovação do estado de emergência, tendo em conta a situação epidemiológica do país. Nós já temos 11 casos, com maior número de casos na ilha da Boa Vista. Há a necessidade de continuarmos com estas medidas, porque a grande aposta de Cabo Verde é na prevenção”, explicou Filomena Delgado, em declarações à imprensa após a reunião com o chefe de Estado.
Por sua vez, o presidente da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição), António Monteiro, defendeu a continuidade do estado de emergência, mas apenas nas ilhas com casos positivos da doença de covid-19.
“Nestas mesmas ilhas somos de opinião que se deve reforçar temporariamente os serviços de saúde pública”, elevando, assim, a prontidão dos mesmos, para que, em caso de necessidade, se “possa agir o mais rapidamente possível”, defendeu o líder da UCID, citado pela Inforpress, após conversar por telefone a partir da ilha de São Vicente com Jorge Carlos Fonseca.
Já a presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), Janira Hopffer Almada, referiu que o partido não tem dados para fazer uma abordagem mais “aprofundada” e “concreta” sobre a situação epidemiológica do país.
Janira Hopffer Almada adiantou que, havendo a prorrogação do estado de emergência, será preciso garantir o funcionamento das instituições, do próprio parlamento e a melhoria das medidas para as famílias mais carenciadas.
De manhã, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, também se manifestou favorável à prorrogação do estado de emergência no país, que hoje completou 17 de 20 dias previstos.
A medida visa conter a pandemia provocada pelo novo coronavírus, com a população obrigada ao dever geral de recolhimento, com limitações aos movimentos, empresas não essenciais fechadas e todas as ligações interilhas e para o exterior suspensas.
O país regista 11 casos da covid-19, distribuídos pelas ilhas da Boa Vista (7), Santiago (3) e São Vicente (1).
Um desses casos, um turista inglês de 62 anos que estava num hotel da ilha da Boa Vista, acabou por morrer, vítima da doença, enquanto dois doentes viajaram para os seus países de origem.
Um dos três casos positivos na cidade da Praia (Santiago) já teve alta hospitalar, após dois testes negativos seguidos.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 124 mil mortos e infetou quase dois milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.