Estivadores alertam para risco de contágio na introdução de novos carros na Madeira
O Sindicato dos estivadores irá enviar uma carta ao presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, onde dá conta de alguns problemas enfrentados pela classe e sobretudo preocupações relacionadas com o contágio pela covid-19 através da introdução de novos carros na Madeira.
Nessa carta, diz que, no porto do Caniçal, “continuam a ser embarcadas, no topo dos contentores, viaturas automóveis nos portos do Continente” que, no seu entender, representa “um enorme risco de contágio”.
“Para além de questionarmos a necessidade social impreterível dessas viaturas na RAM, numa época em que a indústria turística está parada e, por consequência, os rent-a-car e stands de automóveis sofrerão de semelhante inactividade, o que queremos sobretudo alertar é para o enorme risco de contágio pela covid-19 que tais viaturas podem induzir na população da RAM”, refere.
O sindicato diz que os estivadores do Caniçal “reclamaram equipamentos de protecção individual mais eficazes para movimentar tais viaturas, solicitação que lhes foi imediatamente atendida, o que diminui, mas não elimina o seu risco de contágio”.
“O nosso maior receio é que tais viaturas, após a sua saída do porto do Caniçal, circulem livremente nas mãos de qualquer residente que não terá a mínima noção quanto à sua eventual contaminação anterior. Permita que lhe digamos Sr. Presidente, a apatia que verificamos em relação a esta situação, não está alinhada com anteriores decisões do seu governo que tomou medidas de protecção da sua população ainda antes de medidas similares serem tomadas pelo governo central”, acrescenta.
O sindicato diz ainda que os estivadores não lhe escrevem para que as questões levantadas “sejam utilizadas como leitmotiv para chicana política – tal como tantas vezes tantos utilizaram os estivadores de Lisboa e até do Caniçal – mas sim para que no futuro imediato sejam tomadas as medidas que o actual momento excepcional de risco para a saúde pública impõe, tanto em termos de abastecimento como de protecção da população da RAM, estivadores profissionais do Caniçal incluídos”.
Além disso, refere que, “desde o passado dia 16 de Março, cerca de metade dos estivadores de Lisboa, mais precisamente 149, estão impedidos pelas empresas de estiva locais de trabalharem no porto, com as falsas alegações de que a sua empresa estará encerrada e os seus contratos de trabalho cessados”.
“Como se tal não bastasse, existe uma enorme maioria dos estivadores que ainda permanecem a trabalhar – 14 horas diariamente – a quem foram levantados processos disciplinares com intenção de despedimento, existindo ainda ameaças de que processos semelhantes estarão a ser preparados em relação aos restantes”, sustenta.
E, por isso, tendo em conta a “importância do porto de Lisboa no abastecimento da RAM”, refere que “seria de uma complacente e criminosa irresponsabilidade” não alertarem Albuquerque “dos riscos que comporta este irracional comportamento patronal”.
O sindicato acrescenta ainda que “os referidos 149 estivadores, alegadamente despedidos, receberam apenas em Março o seu último salário referente a Janeiro de 2020”.
“O que significa que todo o trabalho que realizaram entre 1 de Fevereiro e 15 de Março, nomeadamente no embarque das mercadorias com destino à RAM, não lhes foi pago pelas empresas, as quais não terão deixado de facturar os serviços prestados pelos mesmos aos seus clientes”, refere.
A carta foi publicada em ‘O Estivador’.