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Madeira

O mundo que irá surgir desta crise será uma “oportunidade à liberdade humana”

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Neste Domingo de Páscoa, que celebra a ressurreição de Jesus, o Bispo do Funchal refere, na sua homilia, que São João, ao narrar a entrada de Pedro no sepulcro vazio de Jesus, “viu e acreditou”.

“Viu o sepulcro, sem a pedra que impedia a entrada ou a saída de alguém; viu, no chão, as ligaduras que tinham envolvido o corpo de Jesus; viu o sudário que tinha estado sobre a cabeça do Senhor, enrolado à parte. Viu os sinais da morte de Jesus. Viu com os olhos da carne”. Mas nada tinha conteúdo, refere D, Nuno Brás, pois eram ligaduras sem corpo, sudário sem cabeça e um túmulo sem sepultado.

Esta imagem convidava a uma “outra realidade, uma vida nova, nascida a partir de Deus”, refere o chefe da igreja madeirense, salientando que, naquele momento, Pedro viu mais além e percebeu estar perante “um novo horizonte de vida, para lá das ligaduras, do sudário, do túmulo”.

D. Nuno Brás diz que é esta passagem que “todos os dias somos convidados a fazer”, sobretudo nestes dias do Tríduo Pascal. “Vivemos, como o discípulo amado, neste mundo cheio de ligaduras, de sudários e de sepulcros neste mundo de velhas realidades do pecado e da morte, porventura ainda julgando que têm algum conteúdo e mesmo domínio. Vemos, também nós, o mundo velho, quais ligaduras do sepulcro vazio, com as suas lutas pelo poder; com toda a sua tecnologia; com todos os estratagemas para nos vender a felicidade neste tempo”. Este mesmo mundo velho foi surpreendido por um vírus que obrigou a uma “paragem repentina”, onde o “contador quase que foi colocado a zero”, refere o Bispo, advertindo para o facto de o mundo que vai surgir quando toda esta paragem terminar não ser ainda “o mundo novo de Jesus ressuscitado: esse apenas na eternidade nos será dado viver”.

Mas cada cristão terá a tarefa de “tornar este mundo em que ainda vivemos mais semelhante ao mundo novo do Ressuscitado. Sobre nós recai a tarefa de o ajudar a caminhar para o mundo novo”, sendo certo que o mundo que irá surgir desta crise “será sempre uma oportunidade oferecida à liberdade humana para se converter e se deixar construir e reconstruir por Deus à semelhança do Verbo que se fez carne e habitou no meio de nós”.

D. Nuno Brás fala em mais “uma oportunidade” que é dada a todos pela paciência de Deus.

“Como queremos construir (reconstruir) o mundo que aí vem? Como o iremos moldar? Que disponibilidade temos nós, cristãos, para participar nessa reconstrução e lhe dar uma feição mais humana, onde todos possam ver reconhecida, efectivamente, a sua dignidade?”, questiona o chefe máximo da igreja madeirense, apelando para que sejamos, também nós, “capazes de ver com os olhos da carne e acreditar com os olhos da fé”. Diz ainda que o nosso coração encher-se-á de alegria e a nossa vida ganhará um novo sentido. “Porque o Senhor ressuscitou e a morte foi vencida. Alegremo-nos e exultemos”.

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