Plataforma recebeu mais de 200 queixas de alunos do Ensino Superior
A “incógnita” sobre o processo de avaliação, falta de equipamentos, excesso de trabalhos e propinas são algumas das mais de 200 queixas e preocupações que os estudantes do Ensino Superior têm partilhado na plataforma Quarentena Académica.
Em declarações à Lusa, Ana Isabel Ribeiro, estudante de doutoramento no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), no Porto, explicou hoje que o projeto Quarentena Académica surgiu com o propósito de “ajudar a esclarecer as dúvidas e queixas dos estudantes do Ensino Superior”, face à pandemia da covid-19.
“Entre o nosso grupo de amigos, íamos tirando duvidas sobre o Ensino Superior ou trocando queixas de situações que estávamos a passar, ou de amigos nossos, ou amigos de amigos, e percebemos que as dúvidas eram semelhantes”, referiu.
O projeto, criado há cerca de duas semanas por um grupo de cinco amigos, conta já com mais de 200 dúvidas e preocupações de estudantes do Ensino Superior de todo o país.
“Já recebemos mais de 200 queixas através da plataforma e tantas outras através das redes sociais Facebook e Instagram”, afirmou a jovem, adiantando que ao grupo de amigos juntaram-se também “mais de 100 alunos” que, neste momento, ajudam a monitorizar as preocupações colocadas.
“A Quarentena Académica serve como uma rede de solidariedade de alunos para alunos, mas também para esclarecer dúvidas e ajudá-los em queixas que tenham e situações pelas quais estão a passar”, explicou Ana Isabel Silva.
Segundo a jovem, as principais dúvidas dos estudantes, que na generalidade são “semelhantes”, assentam sobretudo em quatro temas: a “incógnita do processo de avaliação”, a falta de equipamentos e materiais, o “excesso de trabalhos” e as propinas.
“A maior queixa que nos tem chegado e mais nos tem preocupado é efetivamente a questão das propinas. Chegam-nos histórias de alunos que conseguiram, apesar das dificuldades, entrar no Ensino Superior e, com esta crise, temos receio que desistam ou fiquem com uma dívida enorme por pagar”, referiu.
Apesar de já terem “respostas para muitas das questões” e conseguirem esclarecer algumas das dúvidas, os estudantes que monitorizam a plataforma tentam também incentivar os restantes alunos a contactarem as autoridades competentes, sejam os serviços da própria faculdade ou até os serviços de apoio e ação social das autarquias e juntas de freguesia.
“Nós incentivamos o aluno a contactar a faculdade, junta de freguesia ou até os serviços de ação social para perceber que tipos de apoio pode ter, mas também conseguimos, através de núcleos e associações de estudantes ter informação sobre os apoios de cada instituição”, concluiu.
À Lusa, Ana Isabel Silva adiantou que o objetivo da plataforma passa ainda por “pressionar o Governo e Ministério do Ensino Superior para que, de alguma forma, dê respostas a estes estudantes e às suas preocupações”.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 96 mil mortos e infetou quase 1,6 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 435 mortos, mais 29 do que na véspera (+6,4%), e 15.472 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 1.516 em relação a quarta-feira (+10,9%).