“Temos agido em regime de salvação nacional e assim devemos continuar”, diz o primeiro-ministro
O primeiro-ministro considera que o Governo já atua em regime de salvação nacional na luta contra a pandemia de covid-19 e salientou que é essencial que a unidade se mantenha na fase de recuperação dos danos económicos.
“É fundamental que a unidade que temos demonstrado na fase da crise seja a unidade que temos de demonstrar na fase de recuperação. Tal como agora o controlo da crise da pandemia sanitária tem exigido o esforço e o empenhamento de todos, a recuperação dos danos sociais e económicos dessa crise também vai exigir o esforço e o empenho de todos”, afirma António Costa em entrevista à agência Lusa.
O primeiro-ministro não vê qualquer motivo “para achar que o enorme sentido de responsabilidade que todos tem demonstrado caduca no dia em que for levantado o estado de emergência ou no dia em que se considere que esta primeira vaga da pandemia está ultrapassada”.
“Todos devem estar conscientes que, depois desta primeira vaga, outras vagas podem vir. Este esforço não é uma corrida de 100 metros, é mesmo uma maratona. Portanto, este esforço de contenção, de disciplina, e este sentido de responsabilidade e de unidade nacional vai ter de se prolongar por bom tempo”, defende.
Questionado sobre a ideia de um futuro Governo de salvação nacional, António Costa contrapõe: “Temos agido em regime de salvação nacional e é assim que devemos continuar a agir”.
“Tem havido oposição, umas vezes com maioria e outras sem maioria na Assembleia da República. Há propostas que o Governo tem apresentado e que são aprovadas por unanimidade, outras não. Portanto, esse debate e essa pluralidade são muito importantes”, ressalva.
Neste ponto, o primeiro-ministro elogia o comportamento do sistema político português.
“Por vezes, acho que somos excessivamente modestos em compararmo-nos no plano internacional, mas conseguimos viver este estado de emergência com a democracia a funcionar em pleno, sem que a liberdade de informação seja minimamente beliscada”, sustenta.
António Costa aponta mesmo que, neste período de estado de emergência, até foram reforçados os direitos dos cidadãos, “seja os que estavam em liberdade, seja os que estavam em reclusão no cumprimento de penas, mas que, por isso, não deixam de ser cidadãos, como bem tem sublinhado o cardeal patriarca”.
O líder do executivo invoca também decisões do Governo no sentido de “reconhecer direitos de acesso ao sistema de saúde àqueles que estão em Portugal ainda sem oportunidade de regularizar o seu título como residentes ou refugiados”.
“E é nestes momentos de crise, quando é fácil sacrificar os valores, que temos conseguido enfrentar todo este processo sem colocar em causa os valores essenciais. Acho que os cidadãos têm dado uma demonstração extraordinária do seu civismo e do seu sentido de responsabilidade. E nós temos de sentir que temos o estrito dever de estar à altura do exemplo que os cidadãos nos têm dado”, acrescenta.