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OMS nega ter negligenciado alerta sobre transmissão entre humanos

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) negou hoje ter negligenciado, por pressões da China, um alerta de Taiwan sobre a transmissão entre humanos do novo coronavírus, conforme acusou Washington quinta-feira.

O Governo dos Estados Unidos acusou a OMS de ter negligenciado informações importantes vindas de Taiwan sobre o novo coronavírus e de ter “escondido” a gravidade da epidemia para “ajudar” a China.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou mesmo suspender a contribuição financeira americana para o orçamento desta agência da Organização das Nações Unidas (ONU).

De acordo com o Governo de Trump, a OMS terá sido notificada por Taiwan em dezembro sobre uma possível transmissão do coronavírus entre seres humanos, com base em contaminações entre a equipa médica em Wuhan, local considerado o berço da epidemia na China.

“Também estamos profundamente perturbados por as informações de Taiwan não terem sido partilhadas com a comunidade global de saúde, conforme refletido numa declaração da OMS de 14 de janeiro de 2020, segundo a qual não haveria evidência de ‘transmissão entre seres humanos’”, disse na quinta-feira o porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos.

Mas, num comunicado enviado às agências, a OMS negou as acusações, admitindo ter recebido um ‘email’ das autoridades de Taiwan a 31 de dezembro, o qual incluía “relatórios de imprensa sobre casos de pneumonia atípica em Wuhan” e o facto “de que as autoridades de Wuhan acreditavam que ‘não era SARS’, a Síndrome Respiratória Aguda Grave que matou 774 pessoas, principalmente na Ásia, em 2002/03”.

“Nesta carta não era feita menção sobre transmissão ente humanos”, garante a OMS, acrescentando que questionou as autoridades de Taiwan sobre as suas suspeitas, mas não obteve resposta.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu ainda para não “politizar o vírus”, numa declaração apoiada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres que considerou que “não é o momento” de criticar uma organização “essencial”.

China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, mas Pequim considera a ilha parte do seu território e ameaça a reunificação pela força.

Por insistência da China, Taiwan foi barrada da ONU e da OMS e perdeu o estatuo de observadora na Assembleia Mundial da Saúde anual.

No entanto, a resposta de Taiwan ao surto tem servido para afirmar a ilha, que funciona como uma entidade política soberana apesar da oposição de Pequim, como um dos Estados que melhor preveniu a doença.

Com mais de um milhão de cidadãos a viver e a trabalhar na República Popular da China, Taiwan contabiliza apenas 379 casos de infeção pela Covid-19, a grande maioria importados do exterior.

As autoridades dos Estados Unidos e de Taiwan reuniram no mês passado para discutir formas de aumentar a participação da ilha no sistema mundial de saúde, provocando a fúria de Pequim, que se opõe a todos os contactos oficiais entre Washington e Taipé.

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