António Trindade defende “tratamento diferenciado” ao turismo, escute aqui o Debate da Semana na TSF-Madeira
No Debate da Semana da TSF-Madeira, escrutinado à temática ‘Impactos Económicos, Turísticos e Sociais do Coronavírus’, o empresário hoteleiro António Trindade observou que o turismo “virá em fim de linha” na recuperação económica e pediu um outro olhar para o sector.
“A Saúde do turismo de cada Região não está só dependente da situação sanitária de cada um destes pólos, mas está dependente de cada uma das origens e, depois, de um outro factor, que é o factor de transporte” que será vital para a retoma do sector, na Madeira e no Mundo. Ainda de acordo com António Trindade, o turismo terá de ter um tratamento diferenciado “porque o retomar será de muita incerteza”, embora em Wuhan - cidade chinesa onde se iniciou o surto de covid-19 - já exista esperança com o recomeçar da mobilidade, embora com precauções.
“Isto é mais global que apenas o problema laboral. O sistema empresarial está sobreendividado. As moratórias significam passar para daqui a alguns meses a grande crise empresarial (...) em muitas áreas das empresas há muitos custos de actividade extra laboral que continuam a existir e isso não está contemplado. Não vejo problema nenhum em injectar liquidez ao trabalhador, mas é necessário olhar para as empresas”, alertou.
Neste debate, que contou ainda com a participação de Ricardo Vieira e Miguel de Sousa, contando com a moderação de Leonel de Freitas, o ex-dirigente do PSD-Madeira apontou para o impacto económico da pandemia no arquipélago e disse que está a “sofrer” menos que António Trindade, porque tem uma actividade que continua. “Não estou a zero, porque tenho os supermercados. Existe um canal alimentar que é preciso abastecer e é mais ou menos 30% da minha actividade”, indicou o empresário, em contraposição com a hotelaria “que já não é assim”.
Segundo Miguel de Sousa, no plano regional o executivo não terá dinheiro nem sabe se poderá ter porque o estado não ajuda. E não cabe aos bancos ajudar. Cabe ao Governo central operacionalizar essa ajuda e criar mecanismos para que os bancos ajudem. Ainda escutando as palavras de Miguel de Sousa, o gestor vinca que o Estado deve assumir as ajudas à Madeira, tal como em Espanha aconteceu nas Regiões Autónomas. “Ora, o Governo da República não dá nada, nem a Madeira tem mecanismos fiscais e outros para resolver este problema”, criticou.
Opinião partilhada por Ricardo Vieira, que salientou e evocou a responsabilidade da ajuda financeira à Madeira que é do Estado Central. “A Madeira não se devia endividar, no entanto o pensamento português olha para as Regiões de modo distante. Em estado de Emergência, a Lei das Finanças Regionais diz que a responsabilidade de ajudas é da República. A Madeira perdeu nesta fase as competências que tinha” e “o representante da República representa o Presidente da República nesta matéria”.