Incerteza e apreensão reinam dos lares de idosos na Madeira
Não há conhecimento do que o Governo fará, em caso de infecções nos lares
A incerteza e a apreensão reinam em muitos dos responsáveis por ladres de idosos da Região. Existem dois tipos de razões para isso, ambas relacionadas com acatução do Governo Regional. As pessoas que têm a função de liderar as instituições, ouvidas por nós, explicam que, por um lado, ainda não está resolvido problema ligado à disponibilização de médicos e enfermeiros, apesar das promessas nesse sentido, e, por outro, desconhecem os planos do executivo para lidar com casos de infecção nos lares.
É verdade que cada instituição, como lhe cabia, elaborou um plano de contingência, mas isso, só por si, nada resolve. Desde logo, queixam-se de não ter havido indicações por parte da Secretaria que as tutela, Inclusão Social e Cidadania, nem indicações precisas por parte de quem tem responsabilidades no sector da saúde. Esses dois factos conjugados fazem com que os planos de contingência de cada instituição não tenham qualquer coordenação com os demais. Isto é, não há cooperação prevista, ainda que ela possa vir a ser definida em cima dos acontecimentos. Por outro lado, não existe a certeza de que os planos elaborados estejam tecnicamente correctos, apesar de terem tido o acompanhamento dos técnicos de saúde de cada instituição.
O DIÁRIO sabe que, pelo menos, a generalidade das instituições submeteu os seus planos à IASAÚDE, mas estes não tiveram de ser aprovados pela autoridade de saúde regional. Aliás, alguns dos lares dizem-nos mesmo que nem sabe se os documentos foram analisados, por não haver feedeback nesse sentido.
Uma das instituições que elaboram plano foi a casa São João de Deus. Mas este é um dos casos particulares, pis não se trata de um lar de idosos, mas uma unidade de saúde mental privada, que recebe utentes do sector público. Neste caso, a instituição tem um plano de contingência em vigor, desde o início de Março. Apesar de não ser obrigatório, dele foi dado conhecimento ao IASAÚDE.
Como explica Eduardo Lemos, o plano de contingência têm definidas três áreas de isolamento uma em cada serviço (alcoologia, unidade de agudos, e geral). Havendo algum caso suspeito, como têm equipas médicas e de enfermagem em permanência, são colocados nesses espaços e activada a linha SRS24.
Este será o procedimento de outras entidades também ouvidas pelo DIÁRIO, mas que pediram para não serem identificadas, nem às respectivas instituições. O problema é a fase seguinte, o que, nos casos dos lares, pode ser muito complicado. O receio é que venham a existir situações como as observáveis em Portugal continental.
Os responsáveis por lares manifestam um conjunto de interrogações, para as quais não têm resposta e que gostariam de ter com urgência. Se houver um caso de infecção o utente é retirado do lar? Se sim, para onde, se não, o que é que o lar deve fazer? Se for retirado, por exemplo, para um hotel, quem presta os cuidados (médicos e outra assistência, banhos, fraldas, comida...) nesse local? O que acontece aos trabalhadores? Ficam de quarentena? Quem os substitui? Se acompanharem os doentes no isolamento, quem os substitui no lar?
O DIÁRIO solicitou ao Governo esclarecimentos a todas estas questões, mas até ao momento não as obteve.
Entretanto, já depois das questões levantadas pelo DIÁRIO, a única coisa que houve foi a distribuição da circular normativa, de domingo último, do IASAÚDE, a proibir a mobilidade de profissionais de saúde entre instituições. Mas o problema resultante dessa circular (o que não significa que a mesma seja desadequada) está por resolver: garantia de assistência médica e de enfermagem nos lares. A única coisa que existe é o Governo a dizer que isso vai ser garantido, mas a normativa está a produzir efeitos desde as zero horas do dia 1 de Abril e não no futuro, lembram os implicados.