Mais de 40 milhões de telemóveis rastreados em Espanha para enfrentar pandemia
Mais de 40 milhões de telemóveis vão ser rastreados em Espanha num estudo de mobilidade anónima que permitirá conhecer os movimentos da população entre territórios e contribuir para tomar decisões para enfrentar a pandemia de covid-19.
Trata-se do estudo DataCOVID, promovido pelo Ministério da Economia e Transformação Digital em colaboração com o Instituto Nacional de Estatística (INE) e que permitirá analisar as deslocações da população durante o período de emergência sanitária devido à covid-19, segundo anunciaram hoje fontes do governo espanhol.
O estudo, que já tinha sido divulgado há dias pela terceira vice-presidente e ministra da Economia e Transformação Digital, Nadia Calviño, não irá acompanhar movimentos individuais, mas usará dados de posicionamento de dispositivos móveis, anónimos e agregados.
Os dados serão fornecidos diretamente pelas operadoras, excluirão quaisquer informações pessoais e não irão identificar ou rastrear números ou titulares de telemóvel individualmente.
Embora as fontes governamentais não o tenham precisado, a Telefónica, a Orange e a Vodafone irão participar no estudo, segundo confirmaram à agência de notícias espanhola Efe fontes daquelas operadoras espanholas após o anúncio da ministra.
Para a realização do estudo, Espanha irá ser dividida em cerca de 3.200 áreas de mobilidade, que identificarão populações entre 5.000 e 50.000 habitantes e, especificamente, serão analisados dados de posicionamento de mais de 40 milhões de telemóveis.
O objetivo é analisar o efeito das medidas sobre a mobilidade da população para identificar se as deslocações entre territórios aumentam ou diminuem ou se há áreas com uma maior concentração populacional.
O estudo usará as possibilidades oferecidas por ‘big data’ (megadados) para analisar uma grande quantidade de informações e tirar conclusões para tomar decisões baseadas em evidências, de uma forma mais coordenada e adaptada a cada território.
A análise do estudo terá a Comunidade Valenciana como primeira área piloto.
Segundo as fontes, por não usar dados pessoais, o estudo não entra em conflito com o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) e segue as diretrizes estabelecidas pela Agência Espanhola de Proteção de Dados.
As normas sanitárias em vigor permitem às autoridades usar dados para fins de investigação em situações excecionais e de gravidade para a saúde pública, como a atual pandemia de covid-19.
O INE será responsável pelo processamento dos dados.