Investigadores brasileiros sequenciam genoma do coronavirus em 48 horas
Um grupo liderado por investigadores da Universidade de São Paulo (USP) no Brasil, anunciou hoje que sequenciou o novo coronavírus 48 horas depois da identificação do primeiro caso no país.
O trabalho foi liderado por cientistas Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da USP e contou com apoio de investigadores do Instituto Adolfo Lutz e da Universidade de Oxford, que participam num projecto chamado Cadde, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Medical Research Centers, do Reino Unido, para monitorizar epidemias em tempo real.
Análises preliminares mostram que o vírus identificado no Brasil é diferente por três mutações do referencial observado em Wuhan, na China, primeiro foco da epidemia.
Duas dessas alterações aproximam o vírus que chegou ao Brasil do diagnosticado na região da Bavária, na Alemanha.
Segundo dados divulgados no domingo, o Brasil tem 25 casos confirmados de coronavírus, quatro por transmissão local. Há 664 casos suspeitos e 632 já foram descartados.
Os pesquisadores brasileiros também conseguiram isolar e cultivar em laboratório o novo coronavírus obtido no sequenciamento genético dos primeiros pacientes brasileiros diagnosticados com a doença no Hospital Israelita Albert Einstein.
Segundo informações divulgadas pela agência de notícias da Fapesp, os vírus serão distribuídos para grupos de pesquisa e laboratórios clínicos públicos e privados em todo Brasil com o objectivo de ampliar a capacidade de realização de testes diagnósticos e avançar em estudos sobre como a doença é causada e se propaga.
“A disponibilização de amostras desse vírus cultivados em células permitirá aos laboratórios clínicos terem controlos positivos para validar os testes de diagnóstico, de modo a assegurar que realmente funcionem”, disse Edison Luiz Durigon, professor da USP e coordenador do projecto.
De acordo com o investigador, a falta dessas amostras do vírus para serem usadas como controlos positivos era um dos factores que limitavam o diagnóstico do novo coronavírus no Brasil.
A epidemia de Covid-19 foi detectada em Dezembro, na China, e já provocou mais de 3.800 mortos.
Cerca de 110 mil pessoas foram infectadas em mais de uma centena de países, e mais de 62 mil recuperaram.
Nos últimos dias, a Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China, com 366 mortos e mais de 7.300 contaminados pelo novo coronavírus, que pode causar infecções respiratórias como pneumonia.
Para tentar travar a epidemia, o Governo de Roma colocou cerca de 16 milhões de pessoas em quarentena no Norte do país, afectando cidades como Milão, Veneza ou Parma.