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Funchal Baroque Ensemble volta ao Música a Norte depois de apresentação “magistral”

O ciclo começa hoje em São Vicente. Inclui outros três concertos a 14, 22 e 29

O Funchal Baroque Ensemble apresenta um programa de barroco italiano.
O Funchal Baroque Ensemble apresenta um programa de barroco italiano.

Começa hoje na Igreja Matriz de São Vicente o II Música a Norte, ciclo de música barroca promovido pela Secretaria Regional de Turismo e Cultura, evento criado no ano passado no âmbito das comemorações dos 600 anos da Madeira e Porto Santo. A partir das 20 horas pode ouvir na Igreja Matriz de São Vicente o Funchal Baroque Ensemble com um programa de barroco italiano.

O Música a Norte está centrado na música antiga. No ano passado Carlos Antunes procurou mostrar um pouco do barroco de diferentes sítios, uma tentativa de dar múltiplas experiências do que é esta música no contexto europeu. Este ano o director artístico alargou esse trabalho e sistematizou o programa em quatro diferentes tipos de barroco, tendo como base o tema ‘Barroco das Nações’. “Tornar um bocadinho mais sistemática essa compreensão para que quem venha ao festival como um todo e não apenas singularmente como um concerto, tenha uma leitura mais alargada dos aspectos do barroco e das suas diferentes vertentes nos diferentes países e culturas”, explicou.

A abertura é com o grupo madeirense, que já no ano passado participou. Traz uma mostra de Itália, o país de onde emanou através das suas várias escolas o que viria ser a norma do barroco a nível europeu. Explicou Carlos Antunes que no século XVIII o barroco italiano se tornou a linguagem comum. Neste concerto, com as solistas Carla Moniz e Sara Freitas Faria, o grupo vai interpretar o Concerto Grosso em Fá maior Op. VI n.º12 de Arcangelo Corelli; Solve Regina em Dó menor para soprano, cordas e contínuo de Giuseppe Sammartini; e o Concerto Grosso em Ré menor RV 565, Op.3 n.º11.

Esta é a segunda participação do grupo madeirenses. O director artístico assume que é uma questão pessoal, que os festivais se devem adequar aos locais, para além de ser uma oportunidade para criar pontes. Em defesa deste regresso disse que o grupo dirigido por Giancarlo Mongelli tem um trabalho muito bom, muito consequente musicalmente. “A apresentação que fizeram no ano foi magistral, a única diferença que têm é que não é com instrumentos barrocos, de época, do século XVIII porque não há acesso na Madeira, mas fazem com instrumentos modernos uma interpretação extraordinária, historicamente informada, com ornamentação como deve ser, dentro das praticas típicas da época e têm um nível tanto para se apresentar na Madeira como em Lisboa ou em qualquer outro sítio. É um grupo profissional excepcional.”

Depois do concerto deste sábado, o Música a Norte continua na próxima semana no Porto Moniz, vai proporcionar uma visita ao barroco alemão, uma oportunidade para ouvir uma das obras “mais notáveis de Bach e da música ocidental”. Carlos Antunes refere-se ao conjunto das suites para violoncelo, “uma obra magistral do barroco, uma obra central do reportório de qualquer violoncelista solista, uma obra de grande dificuldade não só técnica, mas interpretativa”. Foi uma das primeiras escritas para violoncelo enquanto solista. Três delas serão interpretadas por Filipe Quaresma.

No dia 22 de Março o ciclo Música a Norte viaja até a Igreja do Senhor Bom Jesus da Ponta Delgada para um concerto-espectáculo com o Cappella dei Signori e o actor e encenador Luís Miguel Sintra, tendo na base o barroco português. Incluirá canto e palavra declamada. “Tem muito a ver com o que se passava na liturgia na capela real, em Portugal e nas sés, que é a parte da palavra, a música nunca estava destituída desta relação com a palavra e com a oratória, particularmente com os sermões, que começam com o padre António Vieira e vão continuar por todo o século XVIII”, revela o programador, que quis estender a experiência do barroco musical não apenas à palavra cantada, mas também da voz falada “que era uma forma quase de fazer música”. Será a partir do ‘Sermão de Todos os Santos’, do padre António Vieira.

A edição deste ano termina com o concerto em São Jorge no dia 27, dedicado ao barroco francês, com um dos ensembles portugueses “mais experimentados no barroco francês, são magistrais em fazê-lo, é o melhor que podemos ter”, garante o director artístico. Fala do Ludovice Ensemble, dirigido por Miguel Jalôto, que nesta vinda à Madeira vai interpretar a Terceira Lamentação do Profeta Jeremias para a Quinta-feira Santa, Terceira Lamentação do Profeta Jeremias para a Sexta-feira Santa e a Terceira Lamentação do Profeta Jeremias para o Sábado Santo, de Marc-Antoine Charpentier e o Préludes & Pièces en Ut e Préludes & Pièces en Sol de Marin Marais, tudo com vozes masculinas, como manda a tradição. Uma das coisas que o Carlos Antunes defende para o festival é não só fazer boa música, mas “fazê-la de forma informada e na pratica mais próxima de como seria feita à época”.

Sobre o grupo que actua amanhã, o Funchal Baroque Ensemble nasceu em 2013 então como O Sonho de Orpheu e numa parceria com a ssociação Orquestra Clássica da Madeira. É dirigido pelo cravista Giancarlo Mongelli e dedica-se exclusivamente à divulgação da música barroca, procurando divulgar junto do público obras ainda pouco conhecidas, mas de grande valor artístico-musical, através de uma abordagem interpretativa historicamente informada do repertório apresentado nos seus concertos. No seu currículo, destaque para a realização de vários ciclos temáticos, 15 desde a sua criação.

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