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Madeira

Mulheres Socialistas dizem que “ainda há um longo caminho a percorrer para a igualdade”

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As Mulheres Socialistas da Madeira estão a promover, ao longo do dia de hoje, as ‘Jornadas de Março’. A iniciativa visa assinalar o Dia Internacional das Mulheres e está dividida em três painéis temáticos, designadamente ‘Ambiente, Sustentabilidade e Saúde Pública’, ‘Economia e Turismo’ e ‘Política e Cidadania’.

Mafalda Gonçalves, presidente do Departamento Regional de Mulheres Socialistas, explicou que esta iniciativa pretende dar “um sinal claro de que as mulheres também dão cartas nestes temas e também são entendidas nestas matérias, não só pelo seu saber, como também pela sua experiência profissional”.

De acordo com a responsável, “o caminho para a igualdade é longo” e “ainda existe um longo percurso a ser percorrido”. A título de exemplo, apontou o facto de as mulheres trabalharem tanto quanto os homens, mas serem elas a dedicar muito mais horas ao lar e aos filhos. “Elas estão tão formadas, tão capacitadas e tão qualificadas quanto eles, mas a verdade é que os lugares de topo, de poder efectivo, são maioritariamente ocupados por eles e não por elas”, constatou. Além disso, em virtude da legislação que tem sido implementada no nosso país, já se prevê que as mulheres estejam nos conselhos de administração das empresas públicas e com cotação na bolsa, mas a verdade é que são-lhes oferecidos cargos não executivos, e os cargos de verdadeiro poder continuam a ser maioritariamente ocupados por homens.

Por outro lado, Mafalda Gonçalves sublinhou que quando se fala em taxas de desemprego e de pobreza, as mulheres estão em maioria e que a desigualdade salarial no nosso país ronda os 16%.

“É preciso desconstruir o papel ancestralmente associado às mulheres”, afirmou, acrescentando que tal e possível com actividades deste género, com mulheres entendidas nestas matérias a falarem sobre esses mesmos temas.

A deputada do PS-M, Sílvia Silva, foi uma das intervenientes no painel sobre Ambiente, Sustentabilidade e Saúde Pública, tendo abordado a questão dos impactos da forma como os alimentos são produzidos na saúde pública e na saúde do planeta. Tal como explicou, o sistema alimentar actual é um dos factores principais de degradação do planeta, das alterações climáticas, da desflorestação, da escassez de recursos e de doenças metabólicas.

Sílvia Silva referiu que as pessoas optaram por um determinado padrão de consumo que tem levado à intensificação da agricultura e considerou que “é preciso apostar na agricultura sustentável, saudável, local, regional”. “Nós temos um território ao abandono e, em vez de apostarmos na intensificação da agricultura, deveríamos apostar na sua extensificação”, disse, constatando ainda o facto de estarmos completamente dependentes dos alimentos oriundos do exterior, enquanto o nosso território está completamente abandonado.

Lembrou ainda Vandana Shiva, uma activista que tem lutado pelos direitos das mulheres e é contra os pesticidas e os organismos geneticamente modificados.

Por seu turno, a eurodeputada Sara Cerdas abordou a questão da saúde pública e a importância do papel da mulher, defendendo que é importante reduzir as disparidades entre sexos.

“Ainda existe uma grande iniquidade entre homens e mulheres e uma grande disparidade de rendimentos”, afirmou a eurodeputada, adiantando que cerca de 60 a 70 por cento da força de trabalho dos profissionais de saúde no mundo inteiro são mulheres, mas, no entanto, no que toca a posições de topo, apenas 15 a 20% dos ministros de saúde são mulheres (de acordo com dados de 2015).

Sara Cerdas referiu que, havendo acções dirigidas para estes determinantes sociais de saúde e para estas iniquidades, melhorará a saúde e o bem-estar de toda a sociedade.

Este painel contou ainda com a intervenção de Elisabete Andrade, uma jovem proactiva que abordou a questão da soberania alimentar e da dependência do exterior.

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