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A saga da Saúde

Constato que vários dos “maiorais” deste protesto, são figuras próximas do PPD

Sinceramente, não entendo a recente confusão acerca da nomeação de Mário Pereira para Diretor Clínico do hospital, cozinhada e assumida e publicamente entre Albuquerque e Barreto. Afinal, trata-se “apenas” de mais uma nomeação política para um cargo técnico. Porquê a admiração? Dá sempre jeito ter um DC dos “nossos”, “complicador” ou “facilitador” conforme a cara do freguês, para, por exemplo, “fazer um cesto” a um médico dissidente (especulação minha! Onde já se viu?). Se sempre foi assim na RAM, porque deveria a Direção Clínica ser diferente? Por cá, até os contínuos das escolas e as “batas” azuis do hospital, são cargos de confiança, constituindo, tal como alegadamente as Casas do Povo, instrumentos para o GR aplicar as suas políticas e cumprir o seu programa.

Relativamente à posição dos médicos, também não entendo o espanto nem a contestação. Vários dos que agora se opõem com veemência (e bem), já estiveram nessas funções e foram nomeados exatamente da mesma forma. Quando foram eles, tudo bem, agora como Mário Pereira é do CDS, já não pode ser assim.

Não tenho competência que me permita ajuizar sobre a competência de MP para a função, se tem, ou deixa de ter perfil ou idoneidade para tal função. Pronuncio-me exclusivamente sobre o modus faciendi e a lisura de todo este processo, por parte deste PPD incompetente e incapaz de cumprir as leis por si próprio aprovadas, como nos casos de Filomena Gonçalves e Rita Andrade.

Temos cá uma casta reinante, uma espécie de brâmanes, os PPD’s. Nenhum cargo ou função, em especial as que envolvam decisão ou responsabilidade, pode ser desempenhada por alguém fora desta casta. É assim na Universidade, é assim na Administração Pública, é assim em todo o lado. Recentemente foram nomeados mais 250 jovens brâmanes, para os quais posteriormente serão feitos “concursos”, para tornar as nomeações em vínculos permanentes. Apenas uma coisa está garantida à partida: nos concursos, quanto mais baixa for a nota na prova escrita, mais alta será a obtida na “entrevista”.

Voltando à saúde, constato que vários dos “maiorais” deste protesto, são figuras próximas do PPD, nomeadamente do jardinismo. Sempre os conheci como criaturas cordatas e colaborantes, que sempre que necessário engoliram sapos, baratas e até elefantes. Porquê a atual assertividade?

Perante os factos em presença, não resisto a tecer algumas teorias da conspiração, procurando interpretar e explicar o sucedido:

1. Os jardinistas encontram uma forma de “entalar” Albuquerque, até porque a “velha senhora” está à espreita, atenta, à espera, e não é líquido que não tencione regressar gloriosa e triunfante, como salvadora da pátria.

2. O PPD não “engoliu” de todo o CDS e este está-lhe atravessado na garganta, pois, embora indispensáveis, não são da casta. Todos os “fretes”, secretarias e lugares, foram a contragosto, até porque os jovens brâmanes foram defraudados e não estão contentes com o “chega para lá”. O PPD continua em ritmo de pré-campanha, em busca da maioria perdida (Não é verdade, senhor vice?), deste modo, com uma casquinha de banana aqui, uma rasteirinha acolá, umas gaiolinhas, um DC, vão assando o CDS (cego, tolo e deslumbrado) em lume brando, deixando-o, sempre que possível “fazer feio”, para quando se julgarem confiantes duma eventual vitória, se demitirem e convocarem eleições, com o objetivo duma maioria absoluta, alegando não terem conseguido cumprir as promessas, por causa do CDS, pondo-lhe assim as culpas e uns “patins”. Todos sabemos da tradição, do engenho e arte que tem o PPD de atribuir culpas a Lisboa de forma diretamente proporcional à sua incompetência.

Termino, reafirmando com veemência a minha grande admiração e estima pela classe médica na qual conto com alguns dos meus melhores amigos. Considero corajosas, justas e necessárias as suas reivindicações presentes, que, no meu entender, deveriam ser extensíveis às direções de serviço. Separo, contudo, as suas atitudes e objetivos generosos, em defesa da saúde pública, das dos que têm memória curta, objetivos próprios e não se lembram que “há dois dias”, fizeram exatamente o mesmo.

P.S. - Penso que a comunicação social e a televisão em particular estão fazendo um péssimo serviço a nível do corona vírus. A intensidade, a frequência e o teor das notícias, são indubitavelmente geradoras de alarme social e até de pânico.

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