Banco Mundial admite mais 11 milhões de pobres na Ásia-Pacífico, China a crescer só 0,1%
O Banco Mundial admitiu na segunda-feira que o crescimento da economia chinesa pode baixar drasticamente para 0,1% em 2020 e mais 11 milhões de pessoas na Ásia-Pacífico a viverem abaixo da linha da pobreza.
O Banco Mundial previu um abrandamento repentino da economia chinesa em 2020 devido ao surto da covid-19, um crescimento de 2,3% no cenário base e de 0,1% no mais negativo.
Esta é a primeira projeção do Banco Mundial após o surgimento da pandemia do novo coronavírus e contrasta com o crescimento de 6,1% na China em 2019.
“Estamos a observar uma combinação incomum de eventos mutuamente disruptivos e que se reforçam mutuamente. Danos económicos significativos parecem inevitáveis em todos os países”, segundo o estudo do Banco Mundial, focado nas regiões da Ásia-Pacífico.
No caso da China, a agência alertou que o indicador de produção industrial do país registou um “crescimento negativo pela primeira vez em mais de 30 anos”.
“Resta ver se o Governo será capaz de retomar a atividade económica tão abruptamente quanto parou. Há relatos de que a maioria das grandes empresas industriais retomou a produção, enquanto muitas pequenas e médias empresas ainda estão a lutar”, acrescenta-se na informação.
A pandemia também terá sérios efeitos sobre os mais pobres, alertou o Banco Mundial.
Sob o cenário de linha de base, projeta-se agora que menos 24 milhões de pessoas consigam sair da linha da pobreza (definida em menos de 5,5 dólares diários, cerca de cinco euros) do que se estimava anteriormente antes do início do surto.
No cenário mais adverso estima-se que mais 11 milhões passem a viver abaixo do limiar da pobreza.
Especialmente vulneráveis, são os setores de turismo na Tailândia e nas ilhas do Pacífico e os trabalhadores têxteis no Camboja e Vietname.
Como “vacina contra a ameaça do vírus”, o economista-chefe do Banco Mundial para as regiões asiáticas, Aaditya Mattoo, recomendou “aprofundar a cooperação internacional (...) manter o comércio aberto” e coordenar políticas macroeconómicas.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 750 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 36 mil.
Dos casos de infeção, pelo menos 148.500 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
A China, sem contar com os territórios de Hong Kong e Macau, conta com mais de 81 mil casos (cerca de 75 mil recuperados) e registou mais 3.304 mortes.