Número de mortes no Reino Unido mais elevado do que o divulgado
O Instituto Nacional de Estatísticas britânico (ONS) publicou hoje dados que sugerem que o número de mortes no Reino Unido resultantes da pandemia de covid-19 pode ser 24% mais elevado do que o até agora registado oficialmente.
De acordo com os dados relativos à semana que terminou a 20 de março, a covid-19 foi referida na certidão de óbito de 210 pessoas em Inglaterra e no País de Gales, mas as direções gerais de saúde das respetivas regiões só tinham registado 170 mortes no mesmo período.
Isto porque o balanço diário dado pelas autoridades britânicas refere-se apenas às pessoas hospitalizadas, e não inclui os óbitos de pacientes no exterior, como em isolamento domiciliário, residentes em lares de idosos ou em outro tipo de locais de cuidados continuados.
O número total atualizado na segunda-feira pelo Ministério da Saúde britânico é de 1.408 mortes entre 22.141 casos de pessoas infetadas com a covid-19 no Reino Unido.
As estatísticas divulgadas hoje pelo ONS dão uma perspetiva do número global de mortes de pessoas com covid-19 e também os grupos etários.
Baseado nas 103 mortes registadas inicialmente naquele período (as restantes 117 foram registadas mais tarde, embora tenham ocorrido antes de 20 de março), 73% das pessoas tinham mais de 75 anos e só uma vítima tinha menos de 44 anos.
Numa conferência de imprensa na segunda-feira, o principal conselheiro científico do governo, Patrick Vallance, disse que não se deve prestar “muita atenção” às flutuações diárias da taxa de mortalidade, apesar de o número diário de mortes ter caído pelo segundo dia na segunda-feira.
Já sobre o número de pacientes hospitalizados, disse esperar que esse número continue ou aumente um pouco, mas que estabilize dentro de duas ou três semanas para depois começar a cair.
O Reino Unido tem registado uma média diária de 1.000 novas hospitalizações de pacientes com covid-19, tendo duplicado desde 4.300 na quinta-feira para 9.000 na segunda-feira.
Vallance considerou o aumento diário “estável”, o que “mostra que está a subir não num valor crescente, mas num valor constante, o que pode sugerir que já estamos a começar a ver algum efeito”.
Defendeu ainda que estes números sugerem que o Reino Unido “não está numa aceleração rápida”, mas não exclui um agravamento da situação nas próximas semanas até se sentir o impacto das medidas de distanciamento social em vigor.