Líder do PSD considera “quase impossível” não prolongar estado de emergência
O presidente do PSD considerou hoje “quase impossível” não prolongar o estado de emergência para combater a pandemia da covid-19 e afirmou que a maior falha até agora relacionou-se com a desproteção dos profissionais de saúde.
Estas posições foram transmitidas por Rui Rio em entrevista à RTP, conduzida pelo jornalista Carlos Daniel e que durou cerca de 35 minutos, durante a qual defendeu a tese de que este não é o momento para se fazer um balanço sobre a adequação das medidas tomadas pelo Governo no combate à pandemia da covid-19, embora também frisando que esse balanço político far-se-á inevitavelmente mais tarde, já com o país “em paz”.
Questionado se entende que o Governo deveria reduzir as medidas de restrição para permitir uma maior atividade económica no país, o líder social-democrata recusou esse caminho.
“Não defendo nada que se aliviem as medidas sanitárias. Por isso, considero quase impossível não prolongar o estado de emergência. Só se me vierem com dados absolutamente diferentes daqueles que temos”, declarou.
Interrogado sobre erros até agora cometidos pelo atual executivo no combate ao surto do novo coronavírus em Portugal, o líder social-democrata procurou antes salientar que a missão é difícil e que qualquer governo cometeria erros na atual situação.
“Há aquelas falhas que sempre haveria e, depois, há outras falhas que poderiam ser evitáveis: Justamente a proteção dos profissionais de saúde. Neste momento, investimento público estratégico é, por exemplo, proteger os profissionais de saúde, é conseguir mais testes, é conseguir mais ventiladores”, sustentou o presidente do PSD.
Nesta questão relativa a falhas cometidas pelo executivo socialista, o presidente do PSD defendeu sempre a tese de que este não é o momento para se fazer essa análise, que será feita seguramente mais tarde.
“Até não vai ser muito preciso os partidos da oposição dizerem, porque é o próprio país que cairá em cima do Governo pelas falhas que tiver e que não sejam minimamente compreensíveis no quadro em que estamos a viver”, alegou.
O líder social-democrata considerou depois que “é evidente que lá à frente vai haver um balanço, quando o país estiver em paz”.
“Quando não estivermos a travar este combate, vai haver inevitavelmente um balanço, que até se diga de passagem vai ficar provavelmente na história dado o momento que estamos a viver. Lá estaremos nesse balanço, eu também estarei nesse balanço - agora não”, insistiu.
Na entrevista, Rui Rio assumiu que prefere chamar a atenção para coisas que estejam a correr menos bem “em privado, pelo telefone”.
Se o tem feito diretamente com o primeiro-ministro, António Costa, o líder social-democrata respondeu: “Também, também, com certeza”.
“E não só a esse nível. Por exemplo, o Grupo Parlamentar do PSD, em ligação com o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares [Duarte Cordeiro], também se têm falado e articulado. Às vezes posso vir a público dizer qualquer coisa - e venho -, mas com o equilíbrio necessário, porque estamos todos em colaboração, queremos todos o mesmo”, frisou.
Questionado se concorda com a tese de que se encontra afastado um cenário de rutura do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o líder social-democrata sustentou que, “neste momento, sim”.
“Aquele pico, aquela curva que nós vimos desenhada muitas vezes, vejo como afastada. Se os portugueses continuarem a cumprir com civismo, como têm feito, vejo isso afastado”, acrescentou.