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Clínica em Díli sem orçamento e sem material para tratar dezenas de doentes

Foto DR
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A Clínica do Bairro Pité (CBP), uma das principais clínicas de Díli, está sem orçamento, sem material de proteção pessoal e sem desinfetante apesar de continuar a receber dezenas de pacientes diariamente, disse à Lusa um responsável.

Uma situação que se torna mais grave no âmbito das medidas de resposta à pandemia da covid-19.

“Precisamos de apoio do Governo. Temos muitos doentes, mas não temos suficientes consumíveis, nem máscaras, material de proteção pessoal para os nossos voluntários e nem sequer desinfetante”, afirmou à Lusa o responsável do projeto, Inácio dos Santos.

“Precisamos de apoio urgente”, afirmou.

Os funcionários da clínica, todos voluntários, são agora cada vez menos, um número que se reduziu depois do surgimento da covid-19, com muitos a explicarem terem receio de trabalhar sem material de proteção e que, por isso, preferem não trabalhar.

“Perdemos cerca de 30 voluntários e desde sábado passado tivemos mesmo que parar os nossos serviços”, explicou à Lusa Inácio dos Santos, atual responsável da clínica.

“Apesar disso hoje vieram mais de 60 pacientes. Não temos funcionários, mas o médico Dan Murphy [fundador do projeto] ainda realizou muitas consultas e eu, na farmácia, distribuí alguns medicamentos”, referiu.

Inácio dos Santos disse que tem estado a tentar reunir apoios para que a clínica possa continuar a operar, notando que é um serviço central para muitos dos habitantes da cidade, especialmente os mais desfavorecidos.

“Estamos a receber muitas pessoas com problemas de infeções pulmonares, especialmente tuberculose. Também casos de malnutrição e outros problemas como dengue”, referiu.

O responsável da CBP recordou que a clínica deteta e trata mais de um terço dos casos de tuberculose em Díli, gere mais de 50% dos casos de HIV e é o “único centro para leucemia”, sendo até usado pelo Hospital Nacional Guido Valadares para ali referenciar pacientes.

“Apoiamos ainda 600 pessoas malnutridas por ano e, cada mês, ajudamos a mais de 100 partos”, disse.

Os problemas da CBP arrastam-se há vários anos, especialmente desde 2017 quando foi retirado apoio australiano que permita o seu funcionamento e o tratamento diário de dezenas de pessoas.

Inácio dos Santos disse que nos últimos três meses de 2018 o Governo timorense canalizou um apoio total de cerca de 120 mil dólares (108 mil euros) para a CBP, a que se somaram cerca de 83 mil dólares (75 mil euros) adicionais na segunda metade do ano passado, neste último caso através do Gabinete de Apoio à Sociedade Civil do gabinete do primeiro-ministro.

“Escrevemos novamente este ano a pedir apoio e foi-nos dito que seriam canalizados cerca de 6.900 [6.200 euros] por mês, mas até agora, e estamos no final de março, ainda não recebemos nada”, explicou.

Timor-Leste tem até agora um caso confirmado de infeção por covid-19.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 697 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 33.200.~

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