Sindicato denuncia falta protecção para trabalhadoras de refeitórios hospitalares
O Sindicato dos trabalhadores dos restaurantes acusou hoje a empresa ITAU de violar o plano de contingência da covid-19 e colocar em risco as trabalhadoras dos refeitórios e bares dos hospitais de Abrantes, Tomar e Torres Novas.
Em comunicado, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Sul afirma que as trabalhadoras do ITAU -- Instituto Técnico de Alimentação Humana que servem as refeições a doentes e profissionais de saúde no Centro Hospitalar do Médio Tejo (que abrange os hospitais de Abrantes, Tomar e Torres Novas), no distrito de Santarém, estão sem equipamentos de proteção individual.
O sindicato afirma que as trabalhadoras destas unidades “estão com uma grande ansiedade, depressão e o receio de todos os dias virem para estes locais de trabalho, sem condições, sabendo que ao final da sua jornada de trabalho, aquando do regresso a casa, no contacto com os filhos, pais e cônjuges, estão na ignorância de estarem ou não como portadoras do vírus covid-19”.
Segundo o comunicado, aquando da primeira solicitação de equipamentos de proteção individual (EPI - máscaras, luvas, aventais recicláveis), bem como de fardas, álcool ou gel, no início do mês, a empresa concessionária terá considerado “prematuro” e alegou que o seu uso poderia “alarmar” profissionais e utentes “sem necessidade”.
“Aquando da declaração de estado de emergência, consubstanciado na situação de calamidade pública, as trabalhadoras insistiram para que fossem entregues os respetivos EPI e, pasme-se, a resposta dada foi que não tinham produtos (EPI) para distribuir”, acrescenta o comunicado.
O sindicato afirma que a empresa propôs às trabalhadoras solicitarem estes equipamentos ao hospital, por estarem num serviço de apoio essencial, mas que a resposta foi negativa.
“Não é com este tipo de comportamento e irresponsabilidade, da violação do plano de contingência, a ser replicado por outras empresas, que esta pandemia será eliminada”, afirma o sindicato, adiantando que situação idêntica ocorreu nos Hospitais de Portalegre e Elvas (distrito de Portalegre).
Contactada pela Lusa, a empresa não reagiu, até ao momento, à denúncia do sindicato.
Portugal regista hoje 140 mortes associadas à covid-19, mais 21 do que no domingo, e 6.408 infetados (mais 446), segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
O relatório da situação epidemiológica em Portugal, com dados atualizados até às 24:00 de domingo, indica que a região Norte é a que regista o maior número de mortes (74), seguida da região Centro (34), da região de Lisboa e Vale do Tejo, com 30 óbitos, e do Algarve, que hoje regista dois mortos.
Relativamente a domingo, em que se registavam 119 mortes, hoje observou-se um aumento de 17,6% (mais 21).
De acordo com dados da DGS, há 6.408 casos confirmados, mais 446 (um aumento de 7,48%), face a domingo.